04/12/2009

Atendimento imediato é crucial nas paradas cardíacas

Fábio Reynol - Agência Fapesp
Atendimento imediato é crucial nas paradas cardíacas
Pesquisa feita no Instituto do Coração da USP destaca importância do atendimento imediato em paradas cardíacas e aponta que treinamento de leigos é fundamental para salvar vítimas.
[Imagem: Philips]

Ressuscitação sob demanda

Um homem de 53 anos jogava basquete quando perdeu subitamente a consciência. Um funcionário do clube onde o jogo se dava chamou a equipe médica do local. Enquanto esperava, ele realizou procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar e ainda aplicou choques com um desfibrilador externo automático do próprio clube.

No hospital, os médicos constataram que a vida do homem fora salva, em especial, pelo trabalho do funcionário do clube que havia sido treinado em suporte básico de vida.

O caso foi utilizado como exemplo em uma pesquisa feita por seis cardiologistas do Instituto do Coração de São Paulo (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que destaca a importância do treinamento somado a equipamentos adequados na hora de salvar vidas.

Questão de minutos

"Após uma fibrilação ventricular, cada minuto de espera diminui em 10% as chances de vida e, após quatro ou cinco minutos, há chances de resultar em sequelas neurológicas", disse o cardiologista Sérgio Timerman, diretor do Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do InCor e um dos autores do estudo.

O trabalho foi publicado na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

A fibrilação ventricular é um tipo de parada cardíaca durante a qual o coração sofre um "caos elétrico" e não consegue bombear sangue para os demais órgãos. Um choque produzido por um aparelho médico, o desfibrilador, faz o coração retomar o ritmo adequado.

Por isso, o pronto atendimento no local da ocorrência é fundamental para o sucesso do procedimento.

Desfibriladores

Porém, a falta de treinamento e de equipamentos adequados diminuem as chances de sucesso em menos de 5% em caso de paradas cardiorrespiratórias ocorridas fora dos hospitais, de acordo com dados citados no trabalho.

Mas o artigo relata casos de sucesso em locais públicos que adquiriram desfibriladores e treinaram funcionários para as emergências cardíacas.

"No aeroporto de Chicago, o índice de sobrevida subiu para 55% e em cassinos de Las Vegas esse número chegou a 76%", disse Timerman, citando exemplos de prédios norte-americanos que investiram no atendimento dessas ocorrências.

Reconhecer a emergência

O médico alerta, no entanto, que é preciso seguir os passos preconizados pela American Heart Association: reconhecer prontamente a emergência e chamar o serviço médico, iniciar manobras de ressuscitação cardiorrespiratória, aplicar a desfibrilação com o equipamento adequado e continuar o tratamento com atendimento médico profissional imediato.

"Não basta ter qualidade em apenas uma etapa. Há casos em que temos um ótimo atendimento pré-hospitalar, mas um péssimo pós-hospitalar, e vice-versa", apontou.

Morte súbita

Para os autores da pesquisa, o treinamento em suporte básico de vida é tão importante quanto a disponibilização dos desfibriladores. "Não é apenas a aquisição de equipamentos, mas sobretudo planejamento e treinamento com simulações que fazem com que as pessoas tomem a iniciativa de atendimento, demonstrando que morte súbita não é necessariamente morte biológica definitiva, mas situação potencialmente reversível", concluíram.

Os outros autores do artigo são Maria Margarita Gonzalez, Flávio Rocha Brito Marques, Caio Brito Vianna, Carlos Alberto Eid e Gilson Soares Feitosa-Filho.

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