Esqueçam tudo
Pesquisadores da Universidade da Califórnia estavam estudando a atividade de uma região do cérebro durante o sono.
Essa região é conhecida pelo seu envolvimento no processo de aprendizagem, na memória e na doença de Alzheimer.
Para surpresa geral, eles descobriram que essa região do cérebro se comporta como se estivesse lembrando de alguma coisa em praticamente qualquer situação, mesmo quando o indivíduo - uma cobaia - estava sob anestesia.
A descoberta contraria todas as teorias sobre a chamada consolidação da memória durante o sono.
Memória no cérebro
Os pesquisadores mediram simultaneamente a atividade de neurônios individuais de várias partes do cérebro que a ciência afirma estarem envolvidas na formação da memória.
Isso lhes permitiu determinar quais regiões do cérebro ativam outras áreas do próprio cérebro e como essa ativação vai se espalhando.
Mayank Mehta e seus colegas analisaram três regiões interconectadas: o novo cérebro, ou neocórtex, o cérebro antigo, ou hipocampo, e o córtex entorrinal, uma parte intermediária do cérebro que liga os cérebros novo e velho.
Embora estudos anteriores tenham sugerido que o diálogo entre o velho e o novo cérebros durante o sono seria fundamental para a formação da memória, ninguém o havia ainda estudado a contribuição do córtex entorrinal para esse bate-papo.
Ao fazer isso, todas as conclusões anteriores viraram de cabeça para baixo.
Atividade persistente
"A grande surpresa aqui é que esse tipo de atividade persistente está acontecendo durante o sono, praticamente o tempo todo," disse Mehta. "Estes resultados são totalmente novos e surpreendentes. Na verdade, essa atividade persistente similar à memória ocorreu no córtex entorrinal mesmo sob anestesia."
Os estudos de partes do cérebro, e suas associações com comportamentos específicos, receberam um duro golpe há algumas semanas, quando um estudo com um salmão morto recebeu o Prêmio Ig Nobel, um evento promovido na Universidade de Harvard para destacar pesquisas que parecem malucas, mas que fazem revelações muito sérias.
O estudo mostrou que, usando imagens de ressonância magnética e métodos estatísticos comuns nesse tipo de estudo, é possível concluir praticamente qualquer coisa, inclusive que um salmão morto é capaz de compreender emoções.
De qualquer forma, Mehta afirma que suas novas descobertas são importantes porque os seres humanos gastam um terço de sua vida dormindo, e a falta de sono resulta em efeitos adversos sobre a saúde.
Quanto à consolidação da memória, agora será necessário construir novas teorias.
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