Nanocompósito
Recentemente pesquisadores apresentaram uma "argila medicinal", capaz de combater as superbactérias que estão vencendo os antibióticos.
Mas o potencial desses minerais é bem maior. Já utilizados na agricultura e em cosméticos, os minerais da argila também podem melhorar os efeitos de medicamentos como anti-inflamatórios e até quimioterápicos contra o câncer.
Agora, uma equipe das universidades Estadual Paulista (Unesp) e de Franca (Unifran) demonstraram mais uma dessas possibilidades - liberar os medicamentos gradualmente no corpo humano.
Para isso, Celso Jesus e seus colegas misturaram uma argila natural, chamada montmorilonita sódica, devidamente purificada, com um gel polimérico preparado a partir de nanopartículas.
O material resultante, um nanocompósito, tem a textura de um hidrogel, cuja estrutura é formada por uma rede rígida tridimensional com inúmeros "espaços vazios" - interstícios - que permitem absorver grandes volumes de líquidos, sem que o material como um todo se dissolva. Posteriormente, esse líquido é liberado de volta aos poucos.
O nanocompósito então recebe uma carga de medicamento e o libera de forma lenta e gradual. Dessa maneira, é possível controlar a absorção dos medicamentos pelo organismo e evitar oscilações de sua concentração na corrente sanguínea.
Argila portadora de medicamento
Os testes do nanocompósito envolveram a incorporação do diclofenaco sódico, um anti-inflamatório administrável por via oral ou por injeção, bastante utilizado para aliviar o inchaço e a dor gerados, por exemplo, por artrite, reumatismo, lesões musculares, cirurgias ou gota.
Ao ajustar a porcentagem de argila usada na preparação dos nanocompósitos, foi possível evitar que uma dose grande de diclofenaco sódico fosse liberada no início, e que a liberação posterior ocorresse de forma pausada e a uma taxa constante e previsível.
Na avaliação dos pesquisadores, o nanocompósito poderá ser usado para revestir comprimidos ou atuar como um sistema de liberação de fármacos para tratamentos prolongados de artrite, enxaqueca e dor pós-cirúrgica, entre outras possibilidades.
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