Largamente elogiados, e tidos como verdadeiros elixires da juventude, os antioxidantes começam a ter seus "poderes mágicos" questionados.
Há poucos dias, ninguém menos do que um dos descobridores do DNA, o Dr. James Watson, afirmou que os antioxidantes não retardam o envelhecimento e podem causar câncer.
Agora, pesquisadores dinamarqueses constataram que um composto antioxidante natural, encontrado nas uvas vermelhas e em outras plantas - chamado resveratrol - bloqueia muitos dos benefícios cardiovasculares dos exercícios físicos.
Em contraste com estudos anteriores em animais de laboratório, nos quais o resveratrol melhorou os benefícios cardiovasculares dos exercícios, este estudo em humanos forneceu evidências fortes e surpreendentes que, em homens mais velhos, o resveratrol tem o efeito oposto.
Resveratrol
O resveratrol tem recebido grande atenção como um possível composto anti-envelhecimento, já estando amplamente disponível como um suplemento dietético.
Tudo começou com os bem conhecidos e bem documentados benefícios do vinho tinto sobre a saúde.
Em busca das explicações de por que o vinho tinto faz bem, pesquisadores isolaram uma de suas moléculas - o resveratrol - e começaram a dar-lhe os créditos pelos benefícios documentados.
Contudo, o grupo da Universidade de Copenhague (Dinamarca) descobriu que uma dieta rica em resveratrol pode realmente contrariar muitos dos benefícios à saúde das atividades físicas, incluindo evitar que os exercícios promovam a redução da pressão sanguínea e a diminuição do colesterol.
Assim, o que está surgindo na comunidade científica é uma nova visão de que os antioxidantes não são uma solução para tudo, e que algum grau de estresse oxidativo pode ser necessário para que o corpo funcione corretamente.
Radicais livres
Este novo trabalho sugere que as espécies reativas de oxigênio - os chamados radicais livres -, geralmente tidos como vilões causadores de doenças e do envelhecimento, podem ser um sinal necessário que provoca adaptações saudáveis em resposta a estresses - incluindo exercícios físicos.
Já se demonstrou, por exemplo, que os radicais livres são essenciais para os movimentos musculares, controlam a força das batidas do coração, são cruciais no controle do apetite e até mesmo, ao contrário de tudo o que se apregoa a seu respeito, que os radicais livres podem ter um efeito antienvelhecimento.
Outra possibilidade, levantam os pesquisadores, é que, como sempre, a diferença entre o remédio e o veneno pode estar na dose. Assim, uma quantidade grande demais de uma coisa boa (como os antioxidantes na dieta) pode realmente ser prejudicial para a nossa saúde.
O trabalho de Lasse Gliemann e Ylva Hellsten foi publicado no The Journal of Physiology, com uma conclusão bem clara: "Esta pesquisa contribui para o crescente corpo de evidências questionando os efeitos positivos da suplementação antioxidante em seres humanos."
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