Medicamentos contaminam água
Pesquisadores já detectaram uma série de contaminantes emergentes presentes na água potável que chega às nossas casas.
Um desses contaminantes são medicamentos, o que já está contribuindo para o reforço das superbactérias resistentes aos antibióticos.
Agora, um novo estudo mostrou que os traços de antidepressivos e outros medicamentos psicoativos que estão poluindo a água acionam a expressão de genes associados com o autismo - ao menos em peixes.
Antidepressivos na torneira
Recentemente, um grupo de pesquisadores divulgou uma lista de 10 produtos químicos suspeitos de causar o autismo,
Agora, usando modelos animais, pesquisadores demonstraram experimentalmente que os antidepressivos têm um papel importante nesse mecanismo.
Além de o consumo desses medicamentos psicoativos ter aumentado dramaticamente ao longo dos últimos 25 anos, cerca de 80% de cada dose passa direto pelo organismo humano, sem qualquer metabolização.
E praticamente nenhuma estação de tratamento de água no mundo possui tecnologia para filtrar esses fármacos, o que significa que eles retornam pela água, sendo ingeridos por toda a população - e sem precisar de receita médica.
Igualmente, a ocorrência de autismo tem subido rapidamente ao longo dos últimos 30 anos.
Ação no sistema nervoso
Segundo o Dr. Michael Thomas, da Universidade do Estado de Idaho (EUA), as concentrações de antidepressivos na água potável podem chegar a 1 centésimo da dose normalmente prescrita a um paciente.
Mas como essas drogas são projetadas para agir diretamente no sistema nervoso, ele levantou a hipótese de que essa quantidade seria suficiente para afetar um feto em desenvolvimento.
Para verificar se isto realmente ocorre, os pesquisadores submeteram peixes a essas doses diluídas na água em que viviam.
Embora eles esperassem que as drogas pudessem ativar genes envolvidos em vários tipos de doenças neurológicas, apenas 324 genes associados com o autismo em humanos parecem ter sido significativamente alterados.
A maioria desses genes está envolvida nas etapas iniciais do desenvolvimento cerebral.
Mamíferos
Os resultados coincidem com os obtidos em outras pesquisas, que mostraram que mulheres grávidas que tomam esse tipo de medicamento têm uma chance ligeiramente maior de terem filhos autistas.
O Dr. Thomas enfatiza que a pesquisa, publicada hoje na revista Plos One, é muito preliminar - "não há necessidade de que as mulheres grávidas se preocupem com a água que estão tomando," disse ele.
O próximo passo da pesquisa é verificar se os efeitos se mantêm em mamíferos.
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