Vírus que ataca recém-nascidos
Pesquisadores da Rede de Diversidade Genética de Vírus (VGDN) acabaram de publicar um estudo onde mostram quais são os mecanismos que o vírus respiratório sincicial (RSV) utiliza para escapar do sistema imunológico humano. O estudo apresenta dados relevantes para o desenvolvimento de uma vacina que consiga combater o vírus responsável pela quinta causa de morte de recém-nascidos no mundo.
Os cientistas fizeram o sequenciamento genético de uma região da glicoproteína do vírus conhecida como G2. "É exatamente nesta região onde ocorre o contato com os anticorpos neutralizadores do vírus. O anticorpo identifica alguns aminoácidos do RSV e, a partir disso, se liga a ele para neutralizá-lo", explica o professor Paolo Zanotto, um dos participantes do estudo.
Repertório de escape do vírus
De acordo com o pesquisador, para escapar do anticorpo, o vírus usa a estratégia de mudar as seqüências dos aminoácidos, impedindo que o anticorpo consiga se encaixar a ele para neutralizá-lo. Esse mecanismo é chamado de repertório de escape do vírus.
No entanto, o grupo de cientistas descobriu que esse repertório de escape é limitado.
O vírus sempre utiliza um conjunto restrito de aminoácidos para "enganar" os anticorpos, como se seguisse uma espécie de script de mudança. "Agora que começamos a descrever o repertório de aminoácidos que o vírus usa para não ser reconhecido pelo anticorpo, fica mais fácil descobrir maneiras de atingir o vírus. Poderemos avançar no desenvolvimento de uma vacina profilática", aponta Zanotto.
Vacina contra infecção respiratória
O cientista comenta que, os últimos anos, têm aumentado o número de idosos que morrem em decorrência da infecção respiratória (bronquiolite) causada pelo vírus. "Somente nos Estados Unidos, morrem anualmente cerca de 200 a 500 crianças, e entre 1500 a 6700 idosos atingidos pelo RSV", aponta.
Segundo o professor, uma das razões para que ainda não exista uma vacina para o RSV é que não se entendia direito qual era a interação desse vírus com o sistema imunológico humano. "As vacinas que se tentaram fazer causaram exacerbação imune: a vacina, ao invés de inibir, agravava a infecção pelo vírus após a vacinação", conta.
Vírus sincicial
De acordo com Zanotto, este foi o maior estudo já realizado sobre o vírus respiratório sincicial. Foram utilizadas 3496 amostras de secreção respiratórias, sendo 2256 de crianças atendidas no Hospital Universitário (HU) da USP, com coleta de material feita entre 1995 e 2006; e outras 1240 amostras vindas de outras cidades do estado de São Paulo, coletadas entre 2004 e 2005.
Apesar de o material coletado compreender o período entre 1995 e 2006, Zanotto conta que foi possível fazer a reconstrução filogenética das linhagens do vírus desde 1975, o que possibilitou aos pesquisadores analisar quase 30 anos de história do RSV.
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