Vírus gigantes e com aspecto alienígena são encontrados no solo

Os vírus têm aspectos inesperados, alguns tão grandes que podem ser visíveis a olho nu.
[Imagem: Fischer et al. - 10.1101/2023.06.30.546935]

"Tesouro" de vírus

Ao pesquisar o solo de uma floresta no estado de Massachusetts (EUA), cientistas descobriram o que eles chamam de um "baú do tesouro" repleto de vírus enormes.

Os chamados "vírus gigantes" sempre atraíram a atenção da ciência, mas o que foi descoberto agora é diferente de tudo o que os cientistas já haviam visto.

A descoberta sugere que esse grupo de vírus de grande porte tem uma diversidade ecológica e uma importância evolutiva ainda maiores do que se imaginava.

A diversidade de formas no "baú do tesouro" de fato foi surpreendente. Os pesquisadores encontraram as tradicionais formas icosaédricas (20 lados) já comuns, mas também apareceram vírus com formas extremamente variadas, incluindo caudas e estruturas multicamadas ou canalizadas.

Apareceu até um vírus com longos apêndices tubulares, que a equipe apelidou de morfologia Górgona, uma criatura da mitologia grega que tem cobras na cabeça, em lugar de cabelos. Curiosamente, várias das partículas virais apresentam projeções semelhantes a cabelos, que variam em comprimento, espessura, densidade e forma.

A variedade de formas dos vírus surpreendeu os cientistas.
[Imagem: Fischer et al. - 10.1101/2023.06.30.546935]

Vírus gigantes

Vírus gigantes podem superar os 2 micrômetros de diâmetro, a dimensão de algumas bactérias. Eles também podem ter genomas excepcionalmente grandes, superando 2,5 milhões de bases, o que é mais que os genomas de organismos muito mais complexos.

Até agora, as pesquisas com vírus gigantes vinham-se concentrando em nascentes de água, mas estes novos resultados indicam que esses vírus são comuns - e muito mais variados - também nos solos e nos sedimentos.

Alguns dos vírus têm "penteados" variados.
[Imagem: Fischer et al. - 10.1101/2023.06.30.546935]

Segundo estimativas da equipe, solos e sedimentos poderão conter até 97% da população de vírus da Terra. E, como eles não vivem por lá sem fazer nada, estes resultados mostram que a ciência ainda tem muito a desvendar sobre a ecologia dos vírus.