12/12/2017

Vício pode ser questão de motivação, não de hábito

Redação do Diário da Saúde
Vício pode ser questão de motivação, não de hábito
Como os quebra-cabeças sempre mudavam ao longo do tempo, o comportamento de dependência nunca se tornou automático ou habitual.
[Imagem: Bryan Singer/U. Michigan]

Vício como motivação

A motivação - e não o hábito - pode estar por trás do comportamento viciante, sugere uma nova teoria.

Os pesquisadores estudaram como animais de laboratório resolviam enigmas cada vez mais difíceis para receber uma recompensa de cocaína. Este conceito difere da maioria dos outros experimentos, nos quais os animais repetem sempre o mesmo comportamento, como pressionar uma alavanca ou cutucar o nariz através de uma porta, para obter as drogas ou os alimentos.

Como os quebra-cabeças sempre mudavam ao longo do tempo, o comportamento de dependência dos animais nunca se tornou automático ou habitual, relatam os pesquisadores.

"Nós estamos contestando a definição de dependência como um hábito," disse Bryan Singer, da Universidade Aberta (Inglaterra).

Os dados também mostraram que as regiões cerebrais que são importantes para regular os hábitos não estavam envolvidas na busca da droga pelos animais deste experimento.

"Em vez disso, outras regiões do cérebro, críticas para a motivação, controlavam a busca de drogas em nossos ratos," conta Singer.

Motivação versus hábito

Os ratos ocupavam câmaras com quebra-cabeças que exigiam realizar tarefas em ordens específicas, como girar uma roda, pressionar uma alavanca e colocar o nariz num buraco. Se eles cometiam erros na tentativa de resolver cada enigma, tinham que reiniciar desde o começo. O prêmio eram pequenas doses de cocaína.

Ao longo do experimento, os ratos mostraram-se capazes de resolver enigmas cada vez mais difíceis.

"A perseverança dos ratos na busca de drogas e a taxa de resposta aumentada refletem a crescente motivação para obter a droga," disse Robinson. "E como eles ajustavam seu comportamento, ele nunca se tornou habitual".

Os resultados, que prometem muita controvérsia com outros pesquisadores, foram publicados no Journal of Neuroscience.

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