Conversa médico-paciente
Pacientes gravemente doentes e seus familiares enfrentam um intenso e por vezes duradouro sofrimento emocional, de modo que é importante que os médicos se preocupem em lidar bem com eles porque uma comunicação compassiva pode ser vista como parte do processo de tratamento.
É difícil treinar os médicos em "como dar notícias" aos pacientes e familiares, mas pode ser bem mais fácil identificar coisas que eles nunca deveriam dizer. É o que defendem Rana Awdish e colegas da Clínica Mayo (EUA).
Eles identificaram o que chamam de "palavras nunca", termos que não devem ser ditos em nenhuma circunstância na relação médico-paciente. Mas não ficaram apenas na negativa: Os pesquisadores sugerem palavras e termos mais úteis para usar em vez das palavras "nunca". Além disso, eles descreveram os métodos que usaram, para que os médicos identifiquem suas próprias palavras nunca.
"Comunicar a natureza, o propósito e a duração pretendida de tratamentos frequentemente complexos, e definir expectativas realistas sobre o que eles oferecem ainda esbarra em experiências atemporais do paciente: Medo, emoções intensas, falta de conhecimento médico e a esperança às vezes irrealista de cura," escreveu a equipe. A "natureza intensa e assustadora dessas conversas" pode fazer com que os clínicos recorram a hábitos de comunicação aprendidos ou falas meramente declarativas.
Até mesmo uma única palavra pode assustar pacientes e familiares, fazê-los se sentirem impotentes e possivelmente anular a eficácia da tomada de decisão compartilhada.
O problema é que, com muita frequência, os médicos usam uma linguagem insensível ao comunicar informações críticas e geralmente o fazem sem perceber o alarme desnecessário ou a ofensa que causaram, dizem os pesquisadores.
Palavras Nunca
O problema não é apenas que as "palavras nunca" machucam ou alarmam pacientes e familiares, é que elas põem um ponto final na conversa. "Elas tomam o poder dos próprios pacientes cujas próprias vozes são essenciais para tomar decisões ótimas sobre seus cuidados médicos," escrevem os pesquisadores.
Veja, a seguir, uma lista das palavras e expressões que os médicos nunca devem usar, segundo a equipe.
Em outro estudo específico sobre tratamento do câncer, as principais palavras ou frases "nunca" foram:
O que os médicos devem dizer então?
Profissionais de saúde podem iniciar um diálogo sugerindo perguntas e respostas honestas e ponderadas de pacientes e familiares.
"Eles devem aprender a reconhecer palavras e frases que involuntariamente assustam, ofendem ou diminuem o envolvimento e trabalhar para reimaginar sua própria comunicação," recomendam os pesquisadores.
Uma oportunidade pode surgir quando os médicos encorajam os pacientes a falar. "Algo tão simples como, 'Que perguntas você tem para mim?' em vez de, 'Você tem alguma pergunta?', convida a uma conversa franca," sugere a equipe.
Quanto às palavras "nunca", os pesquisadores recomendam usar uma linguagem alternativa, bem como a justificativa, para cada uma. Por exemplo, em vez de "Ela não vai melhorar", o médico poderia dizer "Estou preocupado que ela não vá melhorar". A justificativa é que o provedor substituirá uma firme previsão negativa por uma expressão de preocupação.
Usar palavras como "lutar" e "batalhar" pode implicar que a pura força de vontade pode superar a doença e os pacientes podem sentir como se estivessem decepcionando seus entes queridos por não lutarem o suficiente. Em vez disso, os médicos poderiam dizer: "Enfrentaremos essa doença difícil juntos", para deixar claro que os pacientes têm uma equipe lhes dando suporte.
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