10/08/2023

Por que você deve ter cuidado com vegetais prontos para consumo vendidos nos supermercados

Redação do Diário da Saúde
Vegetais prontos para consumo vendidos nos supermercados podem conter bactérias
Os níveis de contaminação vão de "quase totalmente higienizados" a "quase totalmente contaminados".
[Imagem: Freepik]

Vegetais quase limpos

Estudos científicos sobre os vegetais minimamente processados (VMPs) estão acendendo um alerta: Embora sejam alimentos saudáveis e altamente recomendáveis, os níveis de contaminação dos produtos à disposição da população varia largamente.

"Com a correria do dia a dia, cada vez mais pessoas procuram opções saudáveis e de preparo rápido. Nesse sentido, os VMPs têm ganhado destaque no mercado mundial. Por outro lado, vegetais frescos, incluindo os minimamente processados, têm sido frequentemente associados a doenças de origem alimentar, o que gera preocupação," comentou a professora Daniele Maffei, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).

Cortados, higienizados e vendidos em embalagens fechadas, os vegetais minimamente processados são comercializados "prontos para consumo", possibilitando o preparo mais rápido das refeições e a redução de desperdício, visto que costumeiramente todo conteúdo é utilizado de uma só vez. Como geralmente são ingeridos crus, a forma de assegurar a eliminação de microrganismos causadores de doenças inclui o uso de sanitizantes, como o cloro, na água de lavagem.

"As indústrias produtoras têm a responsabilidade de disponibilizar no mercado produtos com qualidade e segurança microbiológica, implementando medidas de controle ao longo do processamento. Embora lavar novamente o produto em casa possa ser considerado desnecessário, alguns consumidores podem optar por fazê-lo para reforçar a segurança," disse Daniele.

Vegetais prontos para consumo vendidos nos supermercados podem conter bactérias
Aspectos da crescente indústria dos vegetais minimamente processados.
[Imagem: Finger et al. - 10.3390/foods12112259]

Contaminação nos vegetais minimamente processados

Para chegar a uma conclusão mais ampla, em vez de apenas pesquisar os vegetais vendidos em um supermercado ou em uma cidade, a equipe decidiu fazer uma meta-análise de todos os dados coletados até agora, nos mais diversos locais, por todos os cientistas que já estudaram o assunto.

O resultado é preocupante pela larga variação dos níveis de contaminação, com alimentos que vão de "quase totalmente higienizados" a "quase totalmente contaminados".

A contaminação dos vegetais minimamente processados por bactérias Escherichia coli, por exemplo, a principal indicadora de contaminação, variou de 0,7% até 100% das amostras.

A prevalência da Salmonella spp variou de 0,6% a 26,7% das amostras, enquanto a Listeria monocytogenes apareceu entre 0,2% e 33,3% das amostras.

Outros patógenos transmitidos por alimentos detectados em proporções menores (menos de 30%) incluem B. cereus, C. perfringens, C. sakazakii e Shigella spp. Por outro lado, houve uma alta prevalência de outros microrganismos relevantes em países específicos, destacando-se, no caso do Brasil, a S. aureus, com até 43,8% de prevalência nas amostras.

"Como o crescimento do mercado de VMPs é uma tendência no Brasil, torna-se essencial a implementação de legislações específicas para regulamentar a forma como são produzidos e vendidos," concluiu Daniele.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Minimally Processed Vegetables in Brazil: An Overview of Marketing, Processing, and Microbiological Aspects
Autores: Jéssica A. F. F. Finger, Isabela M. Santos, Guilherme A. Silva, Mariana C. Bernardino, Uelinton M. Pinto, Daniele F. Maffei
Publicação: Foods
Vol.: 12(11), 2259
DOI: 10.3390/foods12112259
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