NendoU
Nas últimas semanas, a XBB.1.5, a variante mais transmissível até o momento do SARS-CoV-2, começou a se espalhar pelo mundo, trazendo o medo de que a pandemia de covid-19 novamente ganhe força.
Um aspecto do coronavírus que o torna tão infeccioso e difícil de controlar é sua capacidade de superar as defesas inatas do corpo.
Nesta nova variante, a grande culpada responde pelo nome de NendoU, uma proteína que o vírus usa para escapar do sistema imunológico.
E acabam de sair os resultados do primeiro estudo aprofundado sobre a estrutura dessa proteína crucial, que os cientistas fizeram usando uma técnica chamada cristalografia serial de raios X de femtossegundos - femtossegundo é a duração de cada pulso do raio X utilizado (10-15 segundo por pulso).
A estrutura revelou detalhes da flexibilidade, dinâmica e várias outras características da proteína, tudo com uma clareza sem precedentes.
"Nosso estudo se concentrou em como a covid-19 se esconde do sistema imunológico usando a proteína NendoU," contou Rebecca Jernigan, da Universidade do Estado do Arizona (EUA). "À medida que entendemos melhor a estrutura e a mecânica da NendoU, temos uma ideia melhor de como podemos projetar medicamentos antivirais contra ela."
Cauda poli-U
Quando vírus como o SARS-CoV-2 se replicam dentro das células, sua crescente sequência de RNA produz uma cauda no final, conhecida como cauda poli-U. Essa cauda é exclusiva dos vírus de RNA.
As células humanas são equipadas com sensores que são ajustados para detectar vírus de RNA invasores porque a cauda poli-U revela sua identidade como um estranho invasor, permitindo que o sistema imunológico os ataque. A análise feita agora mostrou que o SARS-CoV-2 usa sua proteína NendoU para se ligar e, em seguida, corta a cauda poli-U. Quando a NendoU "mastiga" a cauda poli-U, isso faz com que o vírus seja menos visível para o sistema imunológico.
Esta descoberta abre a possibilidade de se projetar medicamentos que visem mudanças conformacionais da proteína - dessa e de outras. Essas terapêuticas têm a vantagem adicional de serem menos propensas à resistência a drogas.
"Este trabalho é tão empolgante porque mostra pela primeira vez que as diferenças na flexibilidade da proteína desempenham um papel importante no mecanismo funcional. Isso será crítico para o desenvolvimento de drogas contra a NendoU, com potencial para revelar a presença do vírus ao sistema imunológico, que poderá então reagir e impedir infecções graves," disse a professora Petra Fromme, coordenadora da equipe.
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