Lixo valioso
Durante anos, os cientistas chamaram grandes seções do DNA, das quais eles ainda não conheciam as funções, de "DNA lixo".
A partir de 2008, começou-se a descobrir que o tal "DNA lixo" era mais importante do que se pensava.
Entre esses segmentos do material genético com informações importantes estão os chamados elementos de transposição, ou transposons.
São fragmentos que, a qualquer momento, duplicam-se ou se destacam de onde estão e se instalam em outras partes do DNA, às vezes junto a genes essenciais, ou até em meio à estrutura desses genes.
Estudos genômicos
Na investigação desses curiosos personagens moleculares, o grupo da bióloga Marie-Anne Van Sluys, na Universidade de São Paulo (USP), ataca o genoma da cana-de-açúcar em bloco - um enfoque inovador.
E mostra que os movimentos desses fragmentos são menos aleatórios do que se imagina e possivelmente têm papel importante na dinâmica do genoma.
Estudos genômicos feitos inteiramente por pesquisadores brasileiros eram incomuns na área, e os primeiros resultados surpreenderam até os editores das revistas científicas, para as quais os artigos foram encaminhados.
Mas a revista acabou publicando o artigo, depois de aceitar o indício de que esses trechos do DNA - também conhecidos como transposons - deveriam ter função, embora ainda não se soubesse qual era.
Linha de produção científica
A partir dos primeiros resultados, e do aumento da capacidade de gerar e analisar enormes volumes de dados, o grupo de Marie-Anne se debruçou de 2009 em diante, em colaboração com colegas do estado de São Paulo, no sequenciamento de mil pedaços seletos do genoma da cana-de-açúcar.
Sua equipe hoje parece uma linha de produção de conhecimento científico, e de certa maneira é: uma série de artigos deste ano traz avanços importantes sobre o funcionamento dos transposons.
O maior destaque vai para o estudo publicado na BMC Genomics, uma colaboração com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, entre eles Fabio Nogueira, e da Universidade Estadual de Campinas, a exemplo de Renato Vicentini.
De abril a julho de 2012, o artigo foi visto mais de mil vezes no site da revista e ganhou a etiqueta de altamente acessado. "Fomos os primeiros a mostrar molecularmente que os elementos de transposição têm padrões individualizados", disse Marie-Anne.
Movimentos "pensados"
Isso significa que, quando um desses fragmentos de DNA se destaca de sua localização de origem, seu destino não é tão aleatório como se pensava.
Cada família de transposons tem uma tendência maior a se instalar em determinados cromossomos ou regiões cromossômicas.
Ao estabelecer esses padrões, Marie-Anne espera caracterizar como essa interação influencia a ação dos genes.
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