Informações genéticas apagadas
Uma equipe de mais de 100 pesquisadores de várias partes do mundo, reunidos sob um projeto chamado Zoonomia, analisou informações genéticas de 240 espécies de mamíferos em busca de respostas para questões que vão da evolução das espécies ao surgimento do câncer humano.
Os primeiros resultados renderam nada menos do que 11 artigos científicos publicados hoje pela revista Science.
Uma das conclusões mais significativas é que o que torna humanos - geneticamente distintos de outros primatas - não é exatamente o que está no nosso genoma, mas o que falta nele.
Embora uma revolução na capacidade de coletar dados de genomas de diferentes espécies tenha permitido aos cientistas identificar acréscimos específicos do genoma humano - um gene que foi fundamental para que os humanos desenvolvessem a capacidade de falar, por exemplo - muito menos atenção havia sido dada até agora ao que falta no genoma humano em comparação com os demais primatas.
Os novos dados mostram que a perda de cerca de 10.000 bits de informação genética - a maioria tão pequena quanto alguns pares de bases de DNA - ao longo da nossa história evolutiva diferencia os humanos dos chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Essas 10.000 peças de informação genética estão presentes no genoma dos demais mamíferos estudados, de camundongos a baleias, mas desapareceram do genoma humano.
"Frequentemente pensamos que novas funções biológicas devem exigir novos pedaços de DNA, mas este trabalho nos mostra que deletar o código genético pode resultar em profundas consequências para características que nos tornam únicos como espécie," disse o professor Steven Reilly, da Universidade de Yale (EUA).
Apagar para evoluir
Algumas das informações genéticas "deletadas" estão intimamente relacionadas a genes envolvidos em funções neuronais e cognitivas, incluindo um associado à formação de células no cérebro em desenvolvimento.
O fato de essas deleções genéticas terem se conservado em todos os humanos, dizem os cientistas, atesta sua importância evolutiva, sugerindo que elas conferiram alguma vantagem biológica.
"[Essas exclusões] podem ajustar ligeiramente o significado das instruções de como fazer um ser humano, ajudando a explicar nossos cérebros maiores e nossa cognição complexa," disse Reilly.
Veja outras conclusões descritas nos onze artigos científicos publicados:
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