Tomografias computadorizadas podem causar 5% de todos os cânceres, dizem cientistas

Confirmado: Consultas e exames de rotina não melhoram nossa saúde. Então, escolha com sabedoria quais exames e tratamentos fazer.
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Exames que fazem mais mal do que bem

As tomografias computadorizadas podem ser responsáveis por 5% de todos os cânceres diagnosticados a cada ano.

Embora alertas sobre o excesso de exames venham sendo dados há décadas, os riscos aventados tipicamente são mais do que compensados pelas recomendações dos chamados "exames de rotina", frequentemente confundidos com prevenção - exames são elementos de diagnóstico e não de prevenção.

Ainda assim, os resultados obtidos pela Dra Rebecca Smith-Bindman e colegas da Universidade da Califórnia em São Francisco (EUA) impressionaram, servindo como um novo alerta mais específico, contra o uso excessivo e a sobredosagem de tomografias computadorizadas.

Exame por exame, o perigo é maior para os bebês, seguidos pelas crianças e pelos adolescentes. Mas os adultos também correm risco, já que são os mais propensos a fazer um número maior de exames desse tipo.

"A TC [tomografia computadorizada] pode salvar vidas, mas seus potenciais danos são frequentemente ignorados," destacou Bindman. "Nossas estimativas colocam a TC no mesmo nível de outros fatores de risco significativos, como consumo de álcool e excesso de peso. Reduzir o número de exames e a dosagem por exame salvaria vidas."

• Exames preventivos não necessariamente salvam vidas

Exames de rotina da próstata só aumentaram sobrediagnóstico desse câncer.
[Imagem: Gerado por IA/Bing]

Tomografia computadorizada e câncer

A tomografia computadorizada é indispensável e amplamente utilizada para detectar tumores e diagnosticar muitas doenças. Mas as tomografias computadorizadas também expõem os pacientes à radiação ionizante, que é um agente cancerígeno - há muito se sabe que essa tecnologia acarreta um risco maior de câncer, embora tipicamente se acredite que os benefícios superem os riscos.

Os pesquisadores analisaram 93 milhões de exames de 61,5 milhões de pacientes nos EUA. O número de exames aumentou com a idade, atingindo o pico em adultos entre 60 e 69 anos. As crianças representaram 4,2% dos exames. Os pesquisadores excluíram exames realizados no último ano de vida do paciente, já que era improvável que eles tivessem tempo para induzir o desenvolvimento de um novo câncer.

Os adultos de 50 a 59 anos apresentaram o maior número de cânceres projetados: 10.400 casos em mulheres e 9.300 em homens. Os cânceres mais comuns nos adultos foram pulmão, cólon, leucemia, bexiga e mama. Os cânceres projetados com maior frequência em crianças foram tireoide, pulmão e mama.

O maior número de cânceres em adultos foi proveniente de tomografias computadorizadas de abdômen e pelve, enquanto em crianças foi proveniente de tomografias computadorizadas do crânio. Os riscos projetados de câncer foram maiores entre aqueles que realizaram tomografia computadorizada com menos de 1 ano de idade, com 10 vezes mais chances de desenvolver câncer em comparação com os demais participantes do estudo.

• Especial "Não, Doutor": Não deixe que seu médico faça...

Exames demais em crianças não são recomendados e não fazem bem.
[Imagem: Cecília Bastos/USP Imagens]

Doses excessivas de radiação

Apesar dos benefícios, os pesquisadores afirmam que alguns exames de tomografia computadorizada provavelmente não ajudam os pacientes e são utilizados em excesso, como aqueles para infecções do trato respiratório superior ou para dores de cabeça sem sinais ou sintomas preocupantes. Eles defendem que esses pacientes poderiam ter um risco menor realizando menos exames desse tipo ou realizando exames com doses mais baixas de radiação.

"Atualmente, há uma variação inaceitável nas doses [de radiação] usadas para TC, com alguns pacientes recebendo doses excessivas," disse Bindman.

"Poucos pacientes e suas famílias são orientados sobre os riscos associados aos exames de TC," disse a professora Malini Mahendra. "Esperamos que os resultados do nosso estudo ajudem os médicos a quantificar e comunicar melhor esses riscos de câncer, permitindo conversas mais informadas ao avaliar os benefícios e riscos dos exames de TC."