Estudos da eficácia dos antidepressivos
Há algum tempo, uma parte cada vez mais significativa da comunidade médica e científica vem alertando para os riscos dos antidepressivos, que não apenas podem fazer mais mal do que bem aos pacientes, mas podem até mesmo serem menos eficazes do que livros de autoajuda.
A equipe do professor Mark Zimmerman, do Hospital Rhode Island (EUA), concentrou-se agora especificamente nos critérios utilizados nos estudos de eficácia dos antidepressivos, aqueles voltados para validar novos medicamentos como eficazes e obter sua legalização junto às autoridades de saúde.
A análise mostrou que os critérios de inclusão e exclusão dos voluntários para esses estudos foram alterados ao longo dos últimos anos de tal forma que a maioria dos pacientes é excluída, o que significa que o futuro medicamento não é avaliado entre as pessoas que mais necessitariam de um remédio eficaz.
"Os critérios de inclusão e exclusão para os estudos de eficácia dos antidepressivos têm diminuído ao longo dos últimos cinco anos, o que sugere que esses estudos podem ser ainda menos generalizáveis do que já eram anteriormente," explicou o professor Zimmerman.
Funciona para poucos, vendido para muitos
A equipe examinou 170 estudos de eficácia dos antidepressivos controlados por placebo publicados durante os últimos 20 anos, 56 dos quais foram publicados durante os últimos cinco anos.
Os estudos mais recentes foram significativamente mais propensos a:
"Assim, as empresas farmacêuticas parecem estar ajustando o baralho para demonstrar que os seus produtos funcionam, mesmo que eles possam funcionar apenas para um segmento estreito de pacientes deprimidos," disse o pesquisador.
Mudança ao contrário
"Mais de uma década atrás, o nosso grupo de pesquisa clínica levantou preocupações sobre a generalização dos estudos de eficácia dos antidepressivos e sugeriu que a maioria dos pacientes atendidos na prática clínica rotineira não se qualificaria para participar desses estudos. Aqueles resultados foram replicados várias vezes.
"Nós então nos perguntamos se as empresas farmacêuticas teriam mudado a forma como recrutam pacientes para os estudos. Na verdade, elas mudaram, mas de uma forma inesperada. Os estudos mais recentes são ainda menos generalizáveis do que os estudos anteriores, excluindo os pacientes mais deprimidos dos estudos sobre testes de tratamentos patrocinados pelas empresas farmacêuticas," concluiu Zimmerman.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Ética | Desenvolvimento de Medicamentos | Neurociências | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.