Terapia de luz contra cáries
A terapia fotodinâmica, na qual o medicamento é aplicado no corpo e depois ativado pela aplicação de uma fonte de luz, já é amplamente usada no tratamento de vários tipos de câncer.
Agora, pesquisadores brasileiros descobriram que também é possível usar esse tratamento de luz contra a cárie dentária.
A técnica teve efeitos antimicrobianos, inibindo a atividade da placa bacteriana (biofilme) com vários tipos de microrganismos cariogênicos, entre eles o Streptococcus mutans, um dos mais comuns.
Rafael Araújo Ward e Nathália Ferreira Gonçalves, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José dos Campos, descobriram que, para isso, basta usar o fotossensibilizador clorina e-6 (Fotoenticine), já comercializado no Brasil, e depois iluminar o dente usando um LED especial.
Os testes foram feitos em amostras de tecidos de dentes (dentina) contaminados por cárie de diferentes pacientes - os biofilmes apresentavam variações na composição microbiana de um paciente para o outro.
A terapia fotodinâmica conseguiu desagregar a placa bacteriana, reduzindo a concentração de ácido que ajuda a provocar a cárie, além de erradicar a bactéria Streptococcus mutans e reduzir os estreptococos, lactobacilos e leveduras.
Substituição do motorzinho do dentista
"A odontologia avançou muito nos últimos anos, mas até hoje a cárie ainda precisa ser tratada utilizando aparelhos rotatórios e brocas, que podem ser desconfortáveis para o paciente. A terapia fotodinâmica é um tratamento auxiliar. Em crianças, por exemplo, com lesões extensas de cárie, o uso de brocas pode gerar inquietação do paciente e levar à perda de estrutura do dente não afetado. Uma alternativa é fazer a remoção manual da cárie e usar a terapia fotodinâmica com clorina, possibilitando um tratamento rápido, sem dor e com maior preservação da estrutura do dente," disse a professora Juliana Campos Junqueira, coordenadora do trabalho.
Segundo a professora, a terapia fotodinâmica já é aplicada em clínicas de odontologia, mas o fotossensibilizador mais usado é o azul de metileno, que é um corante e, por isso, há uma concentração limite de uso para evitar manchar os dentes.
"Temos buscado outras opções de fotossensibilizadores, e a clorina e-6 mostrou bons resultados. Entre as vantagens estão o fato de não ser um corante, por isso não mancha, e poder usar a luz no comprimento de onda em torno de 650 a 660 nanômetros (nm), faixa obtida por equipamentos que os dentistas já contam nos consultórios," concluiu a pesquisadora.
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