O aminoácido taurina pode induzir uma significativa perda de peso, além de trazer diversos benefícios no controle da glicemia.
A conclusão é de um estudo feito em animais de laboratório por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Os dados, se puderem ser replicados em humanos, sugerem que o tratamento poderia proteger contra o desenvolvimento de complicações como o diabetes.
Taurina
"A taurina é um aminoácido que não é incorporado nas proteínas de nosso organismo e parece ter um papel importante na sinalização celular. Nossos dados mostram que ela regula a produção intracelular de peróxido de hidrogênio (H2O2) - ou água oxigenada - e isso se correlaciona com a melhor ação da insulina nos tecidos periféricos", disse professor Everardo Magalhães Carneiro.
O pesquisador explicou que a taurina é sintetizada naturalmente pelo organismo, principalmente nas células do fígado e do tecido adiposo. Também pode ser adquirida pela ingestão de alimentos como carne, peixe, mariscos e, em menor quantidade, vegetais, além de estar presente em suplementos alimentares para atletas e nas chamadas "bebidas energéticas".
"A taurina se concentra nas células alfa do pâncreas, exercendo um papel que ainda estamos tentando descobrir qual é exatamente," disse Everardo.
A célula alfa é a responsável pela secreção do hormônio glucagon - cuja função é mobilizar a energia estocada na forma de glicogênio no fígado durante períodos de jejum prolongado para prevenir a hipoglicemia, que pode ser fatal. Além disso, dados de outros estudos indicam que o glucagon produzido pela célula alfa também estimula a célula beta, sua vizinha, a secretar insulina.
Há três tipos principais de células nas ilhotas pancreáticas: a alfa, a beta e a delta. A célula alfa estimula a célula beta a produzir insulina e a célula beta inibe a secreção de glucagon pela célula alfa. Já a delta produz o hormônio somatostatina, capaz de inibir tanto a secreção de insulina quanto de glucagon, dependendo da necessidade.
"Parece que, de alguma forma, a taurina modula esse controle parácrino (no qual um hormônio produzido por uma célula controla a atividade da célula vizinha) da insulina, favorecendo maior ou menor secreção do hormônio dependendo do caso", explicou Everardo.
Benefícios da taurina
Durante o estudo, camundongos induzidos à obesidade receberam suplementação com 5% de taurina na água durante 60 dias. As análises mostraram uma redução do peso no grupo tratado, em torno de 16%.
A intolerância à glicose diminuiu 35%, a resistência à insulina, 30% e a produção hepática de glicose, 28% - ainda significativamente superiores aos camundongos não obesos.
"Outro teste interessante que fizemos com o animal obeso é o de tolerância ao glucagon, que consiste em administrar esse hormônio e observar o quanto ele consegue mobilizar de glicose no fígado. No obeso, a produção hepática de glicose é altíssima em relação ao controle - 94% maior. Já no obeso tratado com taurina esse valor cai para 39%", disse Everardo.
"Os dados preliminares mostram que a taurina modula a expressão de vários genes de forma a promover uma melhor adaptação dos animais com relação ao comportamento alimentar, que reflete em melhor controle glicêmico. Também parece proteger as células do hipotálamo contra o estresse de retículo endoplasmático, que é um fenômeno envolvido na morte de diversos tipos celulares, entre eles os neurônios", disse Everardo.
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