30/04/2024

Somos uma só humanidade e podemos nos unir contra os problemas globais

Redação do Diário da Saúde
Somos uma só humanidade e podemos nos unir contra os problemas globais
Ao contrário do que se apregoa, o sonho de riqueza ideal das pessoas é curiosamente modesto.
[Imagem: Jill Wellington/Pixabay]

Só existe "Nós"

Muitos dos desafios mais assustadores que a humanidade enfrenta hoje - desde a crise climática e a pobreza à insegurança alimentar e ao terrorismo - só podem ser superados através da cooperação e da ação coletiva em escala global.

Mas o que seria necessário para unir a humanidade desta forma, quando o que vemos são políticos defendendo o isolamento de seus países em resposta a esses problemas?

De acordo com os resultados de um novo estudo, a chave pode estar em dois dos mais potentes impulsionadores dos vínculos sociais conhecidos na psicologia de grupo - a ancestralidade compartilhada e as experiências transformadoras compartilhadas, dizem Lukas Reinhardt e Harvey Whitehouse, da Universidade de Oxford (Reino Unido).

A conclusão é que a percepção da humanidade como um todo, com experiências de vida compartilhadas globalmente, e de uma biologia compartilhada globalmente, fortalece os laços psicológicos entre os seres humanos, o que pode motivar a ação pró-social em escala global e ajudar a resolver problemas globais.

"O pensamento 'nós contra eles' está aumentando em muitos lugares do mundo, exacerbando conflitos e complicando a busca por soluções para problemas globais prementes. A nossa pesquisa, no entanto, sugere que é possível promover uma identidade global partilhada que poderia facilitar a cooperação em nível global. As implicações práticas das nossas descobertas para os decisores políticos, ONGs, políticos e ativistas são abrangentes," disse Reinhardt.

Somos uma só humanidade

No primeiro experimento, metade dos mais de mil voluntários assistiram uma palestra da série TED Talks, apresentada pelo jornalista Arnold Stephen Jacobs, explicando como todos os humanos compartilhamos uma ancestralidade comum, retratando-nos como uma grande família humana.

Aqueles que assistiram ao vídeo expressaram laços psicológicos significativamente mais fortes com a humanidade em geral, em comparação com um grupo de controle, cujas atitudes foram medidas antes, e não depois, de terem visto o vídeo. Além disso, os participantes que assistiram ao vídeo sentiram laços sociais mais fortes com indivíduos que apoiavam um partido político adversário, em comparação com o grupo de controle.

No segundo experimento, para investigar se as experiências compartilhadas globalmente podem fortalecer os laços sociais em escala global, a dupla usou a experiência comum da maternidade: As mães sentiam laços mais fortes com outras mulheres de todo o mundo quando partilhavam experiências de maternidade com elas.

Em ambos os experimentos, o vínculo psicológico relatado em escala global refletiu-se fortemente em medidas de ação pró-social, o que foi mensurado utilizando uma medida da economia comportamental, onde os participantes tinham de indicar como dividiriam uma quantia de dinheiro entre membros de dois grupos diferentes em cenários hipotéticos. Esta medida é usada como uma ferramenta para esclarecer o quanto os participantes se preocupam com diferentes grupos, prevendo com muita precisão o comportamento dos riscos reais.

"Esta é a primeira vez que demonstramos que podemos criar laços poderosos unindo toda a humanidade. Se pudemos fazer isso através de um experimento simples, poderemos desenvolver métodos muito mais poderosos de motivar ações sobre problemas globais no futuro," disse Whitehouse. "Lembrar que somos todos aparentados e que todos enfrentamos muitos dos mesmos desafios na vida pode ser a chave para resolver uma vasta gama de problemas globais, desde conflitos intergrupais à pobreza extrema e à crise climática.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Why care for humanity?
Autores: Lukas Reinhardt, Harvey Whitehouse
Publicação: Royal Society Open Science
DOI: 10.1098/rsos.231632
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