Sistema da serotonina
O mensageiro químico serotonina é bem conhecido do público, principalmente porque os cientistas o têm implicado em quase tudo, das variações do humor ao controle do movimento.
Mas as pesquisas ainda estão longe de serem claras sobre todos os efeitos - e o alcance desses efeitos - da serotonina no cérebro.
Isso ficou ainda mais claro agora, graças ao trabalho da equipe do professor Liqun Luo, da Universidade de Stanford (EUA), que desenvolveu uma série de técnicas neuroanatômicas que estão permitindo ver pela primeira vez como o sistema da serotonina é de fato.
Os resultados mostraram que o sistema da serotonina é composto por pelo menos dois - e provavelmente mais - subsistemas paralelos que trabalham juntos para afetar o cérebro de maneiras diferentes e, às vezes, opostas.
Por exemplo, um subsistema promove a ansiedade, enquanto o outro promove um enfrentamento ativo diante dos desafios.
Serotonina e antidepressivos
"A compreensão do sistema de serotonina era como a história dos cegos tocando o elefante. Os cientistas estavam descobrindo funções distintas da serotonina no cérebro e atribuindo-as a um sistema monolítico de serotonina, o que ao menos em parte explica a controvérsia sobre o que a serotonina realmente faz. Esse estudo nos permite ver diferentes partes do elefante ao mesmo tempo," disse Luo.
As novas informações, descritas em um artigo publicado na revista Cell, têm implicações cruciais para o tratamento da depressão e da ansiedade, que envolvem a prescrição de medicamentos como a fluoxetina, que alveja os chamados SSRIs (inibidores seletivos da recaptação da serotonina). Ocorre que essas drogas geralmente provocam uma série de efeitos colaterais, alguns dos quais são tão intoleráveis que os pacientes param de tomá-las. E uma série de estudos tem demonstrado que não se trata tanto da eficácia, mas da ineficácia dos antidepressivos.
"Se pudermos direcionar as vias relevantes do sistema de serotonina individualmente, podemos ser capazes de eliminar os efeitos colaterais indesejados e tratar apenas o distúrbio," disse o pesquisador Jing Ren.
Mapeando grupos de neurônios
Ren e Luo se concentraram em uma região do tronco cerebral conhecida como rafe dorsal, que contém a maior concentração - no cérebro dos mamíferos - de neurônios que transmitem sinais liberando serotonina (cerca de 9.000).
Essa varredura resultou em um mapa visual de projeções entre a concentração densa dos neurônios liberadores de serotonina no tronco cerebral para as várias regiões do prosencéfalo que eles influenciam. O mapa revelou dois grupos distintos de neurônios liberadores de serotonina na rafe dorsal, conectados a regiões corticais e subcorticais no cérebro.
Em uma série de testes comportamentais, a equipe também demonstrou que os neurônios de serotonina dos dois grupos podem responder de maneira diferente aos estímulos. Por exemplo, os neurônios de ambos os grupos disparam em resposta a recompensas, mas mostram respostas opostas a punições.
"Nós agora entendemos por que alguns cientistas pensavam que os neurônios de serotonina fossem ativados pela punição, enquanto outros achavam que eles fossem inibidos pela punição. Os dois estão corretos - depende apenas do subtipo que você está analisando," disse Luo.
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