23/04/2010

Cientistas encontram explicação para Síndrome do Coração Partido

Redação do Diário da Saúde
Síndrome do Coração Partido - Diário da Saúde
A Síndrome do Coração Partido afeta principalmente mulheres na pós-menopausa, quando elas não estão mais protegidas pelo hormônio estrogênio e é associada a um estresse emocional forte, como um luto, em 80% dos casos - daí o nome da doença.
[Imagem: Tim Houlihan]

Sintomas do infarto

Os pacientes chegam à sala de emergência com os sintomas característicos do ataque cardíaco: dor aguda no peito, um eletrocardiograma com as alterações típicas e a liberação das enzimas associadas com a doença cardíaca normal.

No entanto, logo que a coronariografia é executada, a fim de descobrir o local onde a oclusão que está impedindo o sangue de chegar ao coração se formou, nada é encontrado. No infarto, essa oclusão causa a morte de um grande número de células no coração.

Ou seja, parece um infarto, mas não é. E, mesmo não sendo tão perigosa, a condição pode ser facilmente confundida com o infarto do miocárdio.

Síndrome do Coração Partido

O nome mais comum dessa condição médica é Síndrome do Coração Partido. Tecnicamente, essa que parece ser uma nova doença da modernidade, atende pelo nome de Síndrome de Takotsubo ou cardiomiopatia induzida por estresse.

A "doença do coração partido" afeta principalmente mulheres na pós-menopausa, quando elas não estão mais protegidas pelo hormônio estrogênio e é associada a um estresse emocional forte, como um luto, em 80% dos casos.

Esta é a razão pela qual ela é frequentemente associada com um coração partido.

Danos no coração

Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Roma, coordenado por Filippo Crea, identificou o mecanismo subjacente a esta patologia peculiar.

O artigo acaba de ser publicado no European Heart Journal, da Sociedade Europeia de Cardiologia.

"Em 80% dos pacientes, os sintomas desaparecem espontaneamente após algumas semanas, não deixando nenhum vestígio," explica Crea, enquanto em outros casos o dano persiste.

"O fato é que os danos causados por esta síndrome estão no coração e não nas coronárias. O que estamos tentando explicar é o mecanismo que leva ao aparecimento desses sintomas," afirmam os cientistas em seu artigo.

Mecanismos da síndrome do coração partido

Durante a pesquisa, o grupo liderado pelo Crea estudou quinze mulheres com idade média de 68 anos, todas com os sintomas da síndrome do coração partido, durante um mês. Graças a este estudo, eles foram capazes de identificar, pela primeira vez, o mecanismo fisiopatológico da doença.

"Nós nos concentramos na região apical do coração," explica Leda Galiuto, coautora do artigo, "porque essa é a área onde está localizada a disfunção. Devido a isso, o coração assume a forma característica de um balão de ar ou, como os japoneses observaram, a armadilha de um polvo local. O termo Tako-Tsubo é na verdade o nome dessa armadilha em japonês."

A hipótese que os pesquisadores desenvolveram é que o mecanismo que influencia a disfunção reside no espasmo dos pequenos vasos coronários, na chamada microcirculação coronariana.

Ultrassonografia de contraste do miocárdio

"Para comprovar nossa hipótese nós utilizamos a ultrassonografia de contraste do miocárdio, um método que inventamos e que nos permite estudar a microcirculação coronariana de forma seletiva, segura e barata na cabeceira do paciente," explica a pesquisadora.

"A microcirculação desempenha um papel importante nas doenças cardíacas," acrescenta Crea, "e a vasoconstrição intensa desses pequenos vasos normalmente não pode ser percebida em uma coronariografia."

Os pesquisadores foram também capazes de demonstrar que este espasmo microvascular é reversível e, uma vez passada a fase aguda, a disfunção microvascular que causa os sintomas também desaparece.

"Normalmente os pacientes não ficam com qualquer dano porque a redução da entrada de sangue é suficientemente grave para impedir que o coração se contraia corretamente, criando o formato de balão, mas não o suficiente para determinar a morte de células do sangue, que é o que normalmente acontece em um infarto," conclui Crea.

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