08/01/2018

Sedativos e tranquilizantes podem ser chamarizes para drogas ilegais

Redação do Diário da Saúde
Sedativos e tranquilizantes podem ser chamarizes para drogas ilegais
Os antibióticos opiáceos, ou opioides, estão se transformando em drogas vendidas ilegalmente nas ruas.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Remédios viciantes

A maconha nunca foi considerada em si mesma uma droga perigosa pelos especialistas - sua proibição sempre esteve atrelada a um papel de "chamariz" para drogas mais potentes e viciantes.

Parece que esse papel de "atrator para o vício" agora está sendo também desempenhado por alguns tipos de medicamentos, incluindo sedativos e tranquilizantes, além dos antidepressivos e analgésicos opioides, mais conhecidos por seus efeitos viciantes.

O consumo abusivo de sedativos e tranquilizantes é um forte indício de um maior risco do uso de substâncias mais viciantes no futuro próximo.

"Uma vez que você começa a consumir um medicamento potencialmente viciante, você se coloca em um risco bem maior de usar outras substâncias, o que aumenta o perigo da dependência.

"Nós temos visto esse fenômeno com a epidemia dos analgésicos opioides, e agora vemos riscos semelhantes com sedativos e tranquilizantes vendidos sob receita médica. As prescrições dessas duas drogas aumentaram nos EUA e esse estudo mostra algumas das consequências," disse Carol Boyd, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan (EUA).

Ondas do vício

Boyd e suas colaboradoras examinaram dados de cerca de 35 mil adultos norte-americanos, primeiro durante um período de um ano batizado como "Onda Um", avaliando quantas pessoas estavam abusando de sedativos, como pílulas para dormir, ou tranquilizantes como Valium, Xanax e relaxantes musculares. O uso incorreto inclui tomar a medicação em excesso, consumi-la por mais tempo do que o prescrito, por razões diferentes das prescritas (como, por exemplo, ficar "mais alto") ou utilizar a receita de outra pessoa.

As mesmas pessoas foram re-entrevistadas três anos depois, na "Onda Dois".

Mais de 76% das pessoas que abusavam dos sedativos e tranquilizantes durante a Onda Um deixaram de usar esses medicamentos três anos depois, na Onda Dois.

Embora isso possa parecer uma indicação positiva, os dados também revelaram que 45% das pessoas que abusaram dos sedativos e tranquilizantes durante a Onda Um tiveram transtorno de uso de substâncias na Onda Dois, envolvendo outras substâncias - principalmente álcool, maconha e opioides.

"Os pacientes não acreditam que [tranquilizantes e sedativos] sejam tão viciantes quanto outras drogas, como muitos opioides. No entanto, a preocupação deve ser esta: o uso abusivo de sedativos e tranquilizantes sinaliza uma crescente probabilidade de desenvolver um vício em outra droga," disse Boyd.

Boyd incentiva os médicos a investir mais na educação dos pacientes sobre os riscos de uso indevido dessas classes de medicamentos, como também sobre como armazenar e descartar os medicamentos.

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