Por onde o remédio passou
Qualquer medicamento tomado por via oral precisa passar pelo revestimento do trato digestivo. As proteínas transportadoras encontradas nas células que revestem o trato gastrointestinal ajudam nesse processo, mas, para muitos medicamentos, não se sabe qual desses transportadores eles usam para sair do trato digestivo - até funciona, mas não sabemos como.
E identificar os transportadores utilizados por medicamentos específicos pode ajudar a melhorar o tratamento do paciente porque, se dois medicamentos dependem do mesmo transportador, eles podem interferir entre si e não devem ser receitados em conjunto.
Pesquisadores do MIT, do Brigham and Women's Hospital e da Universidade Duke desenvolveram agora uma estratégia para identificar os transportadores usados por diferentes medicamentos.
A abordagem utiliza modelos de tecidos e algoritmos de aprendizagem automática para ir fechando uma via conhecida de cada vez, e então checando por onde o medicamento passou. Os primeiros testes já revelaram que um antibiótico comumente prescrito e um anticoagulante podem interferir um no outro, e deverão entrar na lista de interações medicamentosas.
"Um dos desafios na modelagem da absorção é que os medicamentos estão sujeitos a diferentes transportadores. Este estudo é sobre como podemos modelar essas interações, o que poderá nos ajudar a tornar os medicamentos mais seguros e eficazes, e prever potenciais toxicidades que podem ter sido difíceis de detectar e prever até agora," disse o professor Giovanni Traverso.
Aprender mais sobre quais transportadores ajudam os medicamentos a passar pelo trato digestivo também pode ajudar os desenvolvedores de medicamentos a melhorar a capacidade de absorção de novos medicamentos, adicionando excipientes que melhorem suas interações com os transportadores.
Identificando interações medicamentosas
Para testar suas descobertas, os pesquisadores analisaram dados de cerca de 50 pacientes que estavam tomando um de três medicamentos que usam uma nova via descoberta por eles, quando lhes foi prescrita doxiciclina. Os dados mostraram que, quando a doxiciclina foi administrada a pacientes que já tomavam varfarina, o nível de varfarina na corrente sanguínea dos pacientes aumentava e depois descia novamente depois de eles pararem de tomar doxiciclina.
Os dados também confirmaram as previsões do modelo, de que a absorção da doxiciclina é afetada pela digoxina, levetiracetam e tacrolimus. Apenas um desses medicamentos, o tacrolimus, havia sido previamente suspeito de interagir com a doxiciclina.
"São medicamentos comumente usados, e somos os primeiros a prever essa interação usando esse modelo acelerado in silico e in vitro," disse Traverso. "Este tipo de abordagem nos dá a capacidade de compreender as potenciais implicações de segurança da administração destes medicamentos em conjunto."
Além de identificar potenciais interações entre medicamentos já em uso, esta abordagem também poderá ser aplicada a medicamentos atualmente em desenvolvimento. Usando esta tecnologia, os desenvolvedores de medicamentos poderiam ajustar a formulação de novas moléculas para evitar interações com outros medicamentos ou melhorar sua capacidade de absorção.
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