Corantes naturais
Os corantes artificiais são cruciais para a indústria de alimentos e bebidas, mas nem sempre são a melhor opção para os consumidores, podendo causar alergias, ou para o meio ambiente, com sua produção envolvendo solventes e estabilizantes químicos com alta toxicidade e altos níveis de contaminação da água.
O problema é que usar corantes naturais não é fácil, sobretudo por sua baixa estabilidade, o que acaba exigindo igualmente a adição de recursos orgânicos, o que provoca impactos negativos no meio ambiente.
Mas isto está mudando.
Pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma alternativa rápida e natural para a criação de corantes a partir da casca de uva, que contém o componente antocianina, responsável pela cor da fruta.
"Temos uma proposta que é muito mais sustentável para o meio ambiente e mais saudável para as pessoas. Afinal, corantes sintéticos provocam grande preocupação pelos riscos de alergia e impactos na saúde. E as empresas começam a ser cobradas sobre isso, o que nos leva a ter uma grande demanda de mercado. Procuramos formas mais eficientes e mais verdes para purificar esses compostos, com menor impacto ambiental e custo mais baixo," disse o professor Maurício Rostagno.
A nova tecnologia envolve um processo rápido, que não utiliza solventes orgânicos de alta volatilidade e apresenta resultados muito mais estáveis do que os pigmentos obtidos com a extração por meio de etanol ou água. Além disso, o processo não demanda equipamentos sofisticados e nem mão de obra especializada.
"Um ponto importante desse processo é a estabilidade. Conseguimos ter um alto rendimento e uma alta pureza, ao mesmo tempo em que aumentamos a estabilidade dos compostos, obtendo uma estabilidade maior do que a dos processos convencionais. Temos uma recuperação acima de 90% dos solventes," disse Maurício.
Corantes de frutas
Vegetais, frutas e legumes, todos podem ser fontes de corantes orgânicos, que se espera possam substituir as versões sintéticas, ou artificiais, usadas atualmente.
Com o novo processo, os corantes naturais atingem uma pureza de 90%, garantindo uma cor viva e mais estável. Os solventes também permitem o uso dos corantes em altas temperaturas, o que amplia as possibilidades do seu uso pela indústria, incluindo a indústria têxtil.
Maurício destaca ainda como benefício da nova tecnologia o aproveitamento de resíduos da fruta que muitas vezes são descartados no setor agrícola e que, agora, podem ser aproveitados como matéria-prima para novos produtos, o que também contribui para um melhor aproveitamento dos recursos naturais.
"Recuperar esses compostos, que seriam descartados como adubo, gera muito mais valor agregado à produção da uva. Além de toda a reciclagem dos absorventes que permanece durante o processo desenvolvido na Unicamp," afirmou.
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