Antes vista como terapia alternativa, o uso da luz para tratar condições médicas ganha cada vez mais a atenção dos cientistas acadêmicos.
E as chamadas fototerapias agora deverão ganhar ainda maior impulso com os resultados obtidos por Gilles Vandewalle, da Universidade de Montreal (Canadá).
Visão cerebral
Vandewalle e seus colegas descobriram que a luz aumenta a atividade cerebral durante uma tarefa cognitiva mesmo em pessoas que são totalmente cegas.
"Nós ficamos atônitos ao descobrir que o cérebro responde significativamente à luz nesses três pacientes totalmente cegos, apesar de eles não terem absolutamente nenhuma visão consciente," disse o Dr. Steven Lockley, coordenador do trabalho.
Os pesquisadores pediram aos três participantes cegos para dizer se uma luz azul estava ligada ou desligada, ainda que eles obviamente não consigam ver a luz.
"Nós descobrimos que os participantes de fato têm uma percepção não-consciente da luz - eles foram capazes de determinar corretamente quando a luz estava acesa mais do que seria devido ao acaso, sem serem capazes de vê-la," explica Gilles Vandewalle.
Melhora cognitiva
A seguir, os participantes foram submetidos a uma tomografia de ressonância magnética funcional (fMRI) enquanto realizavam uma tarefa simples de correspondência sonora.
Sem que eles soubessem, luzes azuis eram acesas e apagadas em direção aos seus olhos enquanto eles faziam as tarefas.
Surpreendentemente, quando as luzes estavam acesas, os resultados obtidos pelos voluntários foram melhores.
"A fMRI revelou ainda que, durante uma tarefa de memória de trabalho auditiva, menos de um minuto de luz azul ativa regiões do cérebro importantes para a execução da tarefa. Essas regiões estão envolvidas no alerta e na regulação da cognição, sendo ainda áreas-chave da rede de modo padrão," explica Vandewalle.
"Nossos resultados levantam a possibilidade intrigante de que a luz seja fundamental para manter a atenção sustentada," escrevem os pesquisadores. "Essa teoria pode explicar por que o desempenho do cérebro é melhorado quando a luz está presente durante as tarefas."
Hipóteses
Os cientistas procuraram desenvolver uma teoria que possa explicar essa "sensação da luz" em pessoas sem funcionalidade visual.
Para eles, os resultados indicam que o cérebro ainda pode "ver", ou detectar, a luz provavelmente através de fotorreceptores na camada de células ganglionares da retina - células diferentes dos cones e bastonetes que usamos para ver.
Eles acreditam que estes fotorreceptores especializados na retina também possam contribuir para a função visual no cérebro, mesmo quando as células da retina responsáveis pela formação da imagem normal perderam a sua capacidade para receber e processar a luz.
Contudo, o trabalho atual não testou essa hipótese, que continua sendo apenas uma ideia que merecerá ser testada em estudos neurológicos posteriores.
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