Pessoas mais ativas à noite têm maior de risco de ansiedade

O medo deve ser conquistado, e não banido.
[Imagem: PublicDomainPictures/Pixabay]

Cronotipo

Cada pessoa tem seu relógio biológico pessoal, que caracteriza se alguém é mais diurno ou mais noturno, um componente que os cientistas chamam de "cronotipo", estudado por uma área chamada cronobiologia.

Agora se descobriu que as pessoas com cronotipo noturno - indivíduos com propensão a serem mais produtivos à noite ou ao amanhecer - são mais vulneráveis à ansiedade e a transtornos psicológicos relacionados.

Chiara Lucifora e seus colegas da Alemanha, Chile e Itália recorreram a 40 participantes voluntários que puderam ser classificados com cronotipo noturno (20 indivíduos) ou com cronotipo intermediário (20 indivíduos).

Durante dois dias, os voluntários completavam tarefas de realidade virtual projetadas para aquisição e extinção da resposta condicionada ao medo.

"Até onde sabemos, apenas um estudo (Pace-Schott et al., 2015) até hoje havia explorado o papel dos cronotipos na aquisição e extinção do medo em humanos saudáveis, porém não testou cronotipos intermediários, o grupo de controle ideal por serem o cronotipo mais frequente na população," justificou o professor Carmelo Vicario, da Universidade Católica de Maule (Chile).

Intermediação do medo

A análise dos resultados obtidos nos dois grupos mostrou uma maior resposta de aquisição de medo em indivíduos com cronotipo noturno, em comparação com participantes com cronotipo intermediário, confirmando evidências anteriores que associavam o cronotipo noturno a um risco maior de transtornos de ansiedade.

"Este estudo fornece novos insights sobre a influência dos ritmos circadianos nos processos cognitivos e afetivos, sugerindo que a maior vulnerabilidade do cronotipo noturno à ansiedade e transtornos relacionados pode ser mediada pela aquisição alterada do medo," comentou Vicario.

Além dos seus efeitos fisiológicos, os ritmos circadianos têm sido cada vez mais estudados em relação aos transtornos mentais, como a ansiedade e a perturbação do estresse pós-traumático. O clássico paradigma pavloviano de condicionamento do medo permitiu detectar a associação entre o cronotipo e as respostas de medo, mostrando uma base neurocognitiva que estabelece uma vinculação entre o medo e os transtornos de ansiedade.

"A maior vulnerabilidade do cronotipo noturno para ansiedade e transtornos relacionados pode, portanto, ser explicada pela maior aquisição de medo desse grupo," concluiu a equipe.

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