Um grupo internacional de cientistas reconhecidos na área de pesquisas com células-tronco divulgou uma declaração revelando preocupações com o uso de terapias com células-tronco não comprovadas por pesquisas científicas rigorosas.
Os autores argumentam que testes clínicos rigorosos e uma adequada regulamentação das terapias com células-tronco são essenciais para que se possa disponibilizar tratamentos médicos seguros e eficazes para os pacientes.
"As células-tronco podem oferecer oportunidades sem precedentes para o desenvolvimento de terapias para muitas doenças para as quais não existem tratamentos. Isso vai levar tempo.
"Entretanto, somente a ciência rigorosa e a regulamentação responsável podem assegurar a tradução segura e eficaz da ciência em terapias eficazes", comentou Paolo Bianco, professor da Universidade de Roma e um dos 13 autores do artigo, que inclui pesquisadores da Itália, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Estados Unidos.
"Tratamentos irracionais e não testados com células-tronco, baseados em métodos que não foram validados ou não documentados cientificamente, não devem chegar aos pacientes. Evitar que isso aconteça é uma responsabilidade específica das autoridades de saúde e dos governos em todo o mundo, para garantir que a esperança e a confiança dos pacientes não sejam exploradas," comentou Elena Cattaneo, coautora do alerta.
"Os pacientes podem ser prejudicados e mortos por medicamentos que não sejam sido provados como seguros e eficazes através de ensaios clínicos rigorosamente controlados. O uso de medicamentos que não tenham sido fabricados com os mais altos padrões possíveis é irresponsável," completou Cattaneo.
Os autores do comentário enfatizam que as terapias celulares - como são chamados os tratamentos à base de células-tronco - devem ser aprovados pelas agências reguladoras nacionais e internacionais e permanecerem sob a vigilância rigorosa das autoridades de saúde.
Regulamentações já em vigor na União Europeia insistem que as terapias com células-tronco sigam as mesmas regras de eficácia e segurança que os medicamentos.
Mas isso pode ser modificado pelos governos locais. Por exemplo, o presente alerta surgiu no momento em que o Parlamento Italiano discute a liberação de um tratamento celular polêmico comercializado por uma empresa privada.
"Em última instância, os pacientes não serão ajudados por terapias que não são baseadas em dados científicos sólidos e que não foram testados em ensaios clínicos sistemáticos. Esforços para afrouxar a regulamentação nesta área podem criar oportunidades para alguns indivíduos espoliarem as esperanças de pacientes em desespero," disse Sean Morrison, professor da Universidades Southwestern (EUA).
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