Controle do cérebro sobre os olhos
Um tipo de movimento ocular muito sutil e aparentemente aleatório, chamado desvio ocular, parece ser influenciado pelo conhecimento prévio do objeto para o qual estamos olhando.
Segundo os neurocientistas que fizeram a descoberta, isso indica que temos um nível surpreendentemente elevado de controle cognitivo sobre os olhos.
Além disso, essa interação olhos-cérebro mostra que a visão, longe de ser uma mera absorção de sinais vindos da retina, é controlada e dirigida por processos cognitivos.
"Esses movimentos oculares são tão minúsculos que nem mesmo temos consciência deles, e ainda assim nossos cérebros podem, de alguma forma, usar o conhecimento da tarefa visual para controlá-los," disse Yen-Chu Lin, da Universidade de Cornell (EUA).
Memória e visão
Os neurocientistas sabem há décadas que as informações armazenadas na memória podem moldar fortemente o processamento de entradas sensoriais, incluindo os fluxos de dados visuais provenientes dos olhos - em outras palavras, o que vemos é influenciado pelo que esperamos ver ou pelos requisitos da tarefa que estamos empreendendo.
Mas os estudos que mostraram isto tipicamente envolveram movimentos mais óbvios, como os movimentos "sacárdicos", nos quais os olhos se movimentam entre grandes partes do campo visual. Desta vez, a equipe se concentrou no chamado desvio ocular, pequenos tremores do olho que ocorrem mesmo quando o olhar parece fixo.
Os desvios oculares são movimentos sutis que deslocam um alvo visual na retina por distâncias da ordem de uma fração de milímetro ou mais - através de apenas algumas dezenas de fotorreceptores (cones). Acredita-se que eles melhorem a detecção de pequenos detalhes estacionários em uma cena visual, escaneando-os, convertendo efetivamente detalhes espaciais em séries de sinais visuais no tempo.
Problemas motores nos distúrbios da visão
Equipamentos de última geração permitiram agora documentar pela primeira vez que, quando analisados com a precisão e o detalhamento necessários, esses movimentos sutis dos olhos seguem controles cognitivos precisos, que controlam as micromovimentações do olho nos sentidos vertical e oblíquo, que são muito menos automáticos do que olhar para a esquerda ou para a direita.
"Esses resultados ressaltam a interrelação entre as partes sensoriais e motoras da visão - não é possível vê-las separadamente," disse o Dr. Jonathan Victor, membro da equipe. "O que nossas descobertas sugerem é que os distúrbios visuais às vezes também podem ter um componente motor, uma vez que a visão ideal depende da capacidade do cérebro de executar esses movimentos minúsculos."
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