14/06/2024

Penas de galinha levam medicamentos direto ao ponto, evitando efeitos colaterais

Redação do Diário da Saúde
Penas de galinha levam medicamentos direto ao ponto, evitando efeitos colaterais
As pequenas gaiolas, com uma cavidade interna de 1 a 4 nanômetros de comprimento, podem ser ajustadas para abrigar medicamentos com moléculas de diferentes tamanhos - incluindo quimioterápicos e antibióticos.
[Imagem: Charlie McTernan]

Prolina

Hoje consideramos natural tomar remédios oralmente ou por injeção, mas estas são apenas abordagens mais simples e confortáveis para os pacientes, longe de garantirem que os medicamentos cheguem nas doses corretas aos locais onde eles devem agir - e isso explica a larga maioria dos efeitos colaterais danosos que os medicamentos podem provocar.

Por isso há um esforço crescente para desenvolver carreadores de medicamentos, substâncias que possam encapsular a droga e levá-la apenas aonde ela é necessária.

Pesquisadores demonstraram agora que a prolina, um aminoácido encontrado nas penas e no tecido da pele das galinhas, pode ser usada para limitar os efeitos colaterais da quimioterapia e reparar enzimas importantes.

A prolina tem um formato muito reto e rígido, ao mesmo tempo que é solúvel em água, o que a torna especialmente adequada para administração de medicamentos, já que a água constitui cerca de 60% do corpo humano. Ao ligar o peptídeo a pequenas quantidades de metal como o paládio, além de colágeno, os pesquisadores criaram uma estrutura ajustável que pode aumentar ou diminuir rapidamente de tamanho.

É uma espécie de gaiola, uma "caixa" feita de moléculas únicas, todas biologicamente compatíveis. Essas gaiolas podem abrigar moléculas de medicamentos de diversos tamanhos e transportá-las no corpo com alto nível de precisão.

Como a prolina e o colágeno estão amplamente disponíveis e não dependem de cadeias de hidrocarbonetos como os métodos anteriores, a equipe espera aumentar de forma sustentável sua produção atual no laboratório.

Penas de galinha levam medicamentos direto ao ponto, evitando efeitos colaterais
A abordagem tem outros usos potenciais, além dos tratamentos do câncer.
[Imagem: Charlie McTernan et al. - 10.1016/j.chempr.2024.05.002]

Remédio somente ele é necessário

Os efeitos secundários negativos associados à quimioterapia, por exemplo, como a perda de cabelos e danos nos nervos, são resultado de uma "toxicidade fora do lugar", onde o tratamento mata as células saudáveis que rodeiam os tumores, bem como o próprio tumor. Ao criar uma gaiola de tamanho nanométrico para alojar o medicamento e transportá-lo para o tumor antes de o liberar, esta abordagem permite canalizar o medicamento mais diretamente para o tumor, protegendo as células saudáveis.

"O que criamos é essencialmente um saquinho de chá molecular biologicamente compatível. Podemos encher esse saquinho, ou gaiola feita de prolina e colágeno amplamente disponíveis, com vários medicamentos diferentes e administrá-los de uma forma muito mais direcionada do que podíamos antes."

"Com o tempo, esperamos que isso possa significar que podemos limitar a perda de cabelo, as náuseas e outros efeitos colaterais desagradáveis da quimioterapia. Poderemos até ser capazes de reparar enzimas com defeito que influenciam o desenvolvimento do câncer. A melhor parte é que podemos fazer isso de forma sustentável e em grande escala," resumiu o professor Charlie McTernan, da Universidade do Rei de Londres (Reino Unido).

Checagem com artigo científico:

Artigo: Metal-Peptidic Cages - Helical Oligoprolines Generate Highly Anisotropic Nanospaces with Emergent Isomer Control
Autores: Ben E. Barber, Ellen M.G. Jamieson, Leah E.M. White, Charlie T. McTernan
Publicação: Chem
DOI: 10.1016/j.chempr.2024.05.002
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