30/10/2023

Resistência antimicrobiana: Termo tem pouco significado e precisa ser renomeado

Redação do Diário da Saúde
O público não dá importância ao termo
A luta contra as superbactérias tem feito os cientistas buscarem antibióticos naturais ou copiados da natureza.
[Imagem: Peter Allen/Brian Long]

Resistência antimicrobiana

O público não está levando a sério a resistência antimicrobiana e tudo pode dever-se à terminologia que os cientistas e médicos usam para falar sobre o problema.

Esta é a opinião da Dra Eva Krockow, da Universidade de Leicester (Reino Unido), que analisou as comunicações de saúde pública envolvendo o problema.

A principal conclusão é que o termo comumente usado pelos cientistas para descrever as bactérias resistentes aos medicamentos ou antibióticos atuais (resistência antimicrobiana), também conhecidas como superbactérias, "não gruda na memória das pessoas".

Estima-se que 4,95 milhões de mortes anuais sejam associadas à resistência antimicrobiana, prevendo-se que esta ameaça global aos cuidados de saúde aumente, tornando eventualmente impossível tratar até mesmo infecções comuns.

A Dra Eva analisou o uso do termo "resistência antimicrobiana" e cinco variantes comumente usadas, incluindo "resistência a antibióticos", "resistência bacteriana", "infecções resistentes a medicamentos" e "superbactérias". Também foram estudados 40 itens envolvendo outros riscos à saúde.

A conclusão é que todos são termos "inconsistentes, abstratos e a linguagem usada muitas vezes é difícil de pronunciar," disse a pesquisadora.

Ultrapassar o câncer

Os resultados mostraram que, embora os participantes tenham considerado corretamente que as doenças cardíacas e o câncer estão entre as maiores ameaças à saúde, eles superestimaram severamente os riscos de doenças tropicais, como ebola e malária, ao mesmo tempo que subestimaram a ameaça da resistência antimicrobiana, que está em sexto lugar em termos de mortes globais, prevendo-se que ela ultrapasse o câncer como principal causa de morte até 2050.

"É imperativo que, se quisermos proteger a medicina moderna e conservar os medicamentos existentes para as gerações futuras, reduzamos o uso de antibióticos a nível internacional. Para isso, precisamos de campanhas eficazes de saúde pública que incentivem a mudança de comportamento. Nosso estudo destaca a necessidade de renomear a resistência antimicrobiana para um termo memorável que seja adequado ao público em geral, e não apenas às comunidades médicas ou científicas," concluiu a Dra Eva.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Existing terminology related to antimicrobial resistance fails to evoke risk perceptions and be remembered
Autores: Eva M. Krockow, Kate O. Cheng, John Maltby, Eoin McElroy
Publicação: Nature Communications Medicine
DOI: 10.1038/s43856-023-00379-6
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