Em uma constatação que complica toda a interpretação atual como sobre nosso DNA é usado para controlar nossos corpos, pesquisadores descobriram um gene que codifica duas proteínas diferentes a partir de uma mesma sequência de RNA mensageiro.
Segundo a equipe, isso muda a forma como os cientistas veem o processo de produção de proteínas nos humanos.
Além de revelar um mecanismo anteriormente desconhecido na expressão dos genes humanos, a descoberta abre o caminho para novas estratégias terapêuticas contra doenças neurológicas, a maioria delas até hoje intratáveis.
"Isto representa uma mudança radical na nossa compreensão de como os genes codificam as proteínas. Este é o primeiro exemplo de um mecanismo de um organismo superior no qual um gene cria duas proteínas a partir do mesmo mRNA, simultaneamente," disse Christopher Gomez, da Universidade de Chicago (EUA), que coordenou o estudo.
Onde estão as diferenças?
O genoma humano contém uma quantidade de genes codificadores de proteínas semelhante à dos vermes nematoides - cerca de 20.000.
Esta disparidade entre a complexidade biológica e a contagem dos genes pode ser parcialmente explicada pelo fato de que os genes podem codificar múltiplas variantes individuais das proteínas através da produção de diferentes sequências de mRNA (RNA mensageiro curto), cópias do código genético produzidas em massa que orientam a criação de inumeráveis maquinarias celulares.
Mas isto não é tudo, como se imaginava até agora.
O pesquisador Xiaofei Du descobriu uma nova camada de complexidade no processo da expressão gênica quando estudava uma doença neurodegenerativa que faz os pacientes perderem lentamente a coordenação de seus músculos e, eventualmente, a sua capacidade de falar e ficar de pé - a ataxia espinocerebelar tipo 6 (AEC6).
A equipe agora espera descobrir outros exemplos de genes humanos com sites semelhantes para compreender melhor as implicações dessa nova classe de genes "bifuncionais" na nossa biologia básica.
Por enquanto, eles estão focados em usar suas descobertas para ajudar os pacientes de AEC6.
Com esse objetivo, eles já estão trabalhando em maneiras para silenciar o gene bifuncional.
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