Novas informações sobre a bússola interna do nosso cérebro

Os cientistas fizeram um registro sem precedentes dos neurônios que fazem a bússola interna do cérebro funcionar.
[Imagem: Zaki Ajabi et al. - 10.1038/s41586-023-05813-2]

Bússola no cérebro

Cientistas registraram os sinais neurais da bússola interna do cérebro com uma precisão sem precedentes, graças aos últimos avanços na tecnologia de detecção e gravação.

Aprender mais sobre a parte do cérebro que nos dá um senso de direção não apenas mostra como o cérebro se orienta no ambiente, que está em constante mudança conforme você anda ou mesmo olha ao redor, mas também pode revelar os processos que dão errado em doenças degenerativas, como a demência, que deixam as pessoas perdidas e confusas.

A principal descoberta da equipe envolve um fenômeno que eles chamam de "ganho de rede", que permitiu que a bússola interna do cérebro se reorientasse depois que os camundongos usados no experimento foram induzidos a ficar desorientados.

"É como se o cérebro tivesse um mecanismo para implementar um 'botão de reset', permitindo uma rápida reorientação de sua bússola interna em situações confusas," disse Zaki Ajabi, da Universidade McGill (Canadá).

A expectativa é que o conhecimento desse mecanismo possa futuramente levar à criação de meios para restaurá-lo quando as coisas dão errado, como ocorre nas demências.

No caso da doença de Alzheimer, por exemplo, um dos primeiros sintomas é a desorientação, com os pacientes sentindo-se perdidos mesmo em ambientes familiares.

Os pesquisadores esperam que uma melhor compreensão de como funciona a bússola interna do cérebro e o sistema de navegação leve à detecção precoce e a uma melhor avaliação dos tratamentos para essas condições.

Realidade virtual

Embora os animais tenham sido expostos a experiências visuais não naturais, os pesquisadores argumentam que esses cenários já são relevantes para a experiência humana moderna, especialmente com a rápida disseminação da tecnologia de realidade virtual, nos quais é muito comum a apresentação de tonturas e desorientação.

Os resultados "podem eventualmente explicar como os sistemas de realidade virtual podem facilmente assumir o controle sobre nosso senso de orientação," disse Ajabi.