Olhos falam com os ouvidos
A descoberta recente da existência de uma complexa rede neural ligando a função intestinal aos centros emocionais e cognitivos do cérebro, hoje conhecida como do "eixo intestino-cérebro", mostrou que as interconexões em nosso corpo vão muito além do que os cientistas imaginavam - agora se sabe que a saúde intestinal reflete-se na solidão e até na sabedoria.
Mais recentemente, começou-se a estudar uma intrigante conexão entre nossos processos mentais e nossa audição.
Agora, Stephanie Lovich e colegas da Universidade Duke (EUA) descobriram que existe uma conexão contínua e estreita entre nossos olhos e nossos ouvidos, ou seja, visão e audição também estão estreitamente relacionadas.
Já se sabia que o que você vê modula o que você ouve, mas agora a equipe conseguiu até mesmo identificar para onde os olhos de uma pessoa estão olhando apenas ouvindo os sons nos ouvidos dessa pessoa, bastando para isso colocar um microfone sensível no canal do ouvido.
Primeiro, a equipe descobriu que os ouvidos emitem um ruído sutil e imperceptível quando os olhos se movem. Indo mais a fundo, eles identificaram que esses sons podem revelar para onde os olhos estão olhando.
E a coisa também funciona ao contrário: Sabendo apenas para onde alguém está olhando, é possível prever como seria a forma de onda do som no ouvido.
A voz dos olhos
Embora só estejam começando a explorar a nova descoberta, os pesquisadores acreditam que esses sons podem ser produzidos quando os movimentos dos olhos estimulam o cérebro a contrair os músculos do ouvido médio, que normalmente ajudam a amortecer os sons altos, ou as células ciliadas, que ajudam a amplificar os sons baixos - assim como as pupilas dos olhos se contraem ou dilatam para ajustar a quantidade de luz que entra, os ouvidos também têm sua própria maneira de regular a entrada dos sons.
O propósito desses ruídos nos ouvidos também ainda não está claro, mas a equipe acredita que eles melhoram nossa percepção. "Nós acreditamos que eles fazem parte de um sistema que permite ao cérebro identificar onde as imagens e os sons estão localizados, mesmo que nossos olhos possam se mover, enquanto nossa cabeça e nossos ouvidos não o fazem," disse a professora Jennifer Groh.
Também poderá ser possível tirar proveito desses sons dos olhos para fins clínicos e terapêuticos, como o desenvolvimento de novos testes clínicos para a audição, por exemplo. "Se cada parte do ouvido contribuir com regras individuais para o sinal do tímpano, então elas poderão ser usadas como uma espécie de ferramenta clínica para avaliar qual parte da anatomia do ouvido está funcionando mal," disse Lovich.
A equipe agora pretende descobrir se os sons auditivos do movimento ocular podem ser diferentes em pessoas com perda auditiva ou visual.
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