16/08/2022

Nosso cérebro é uma máquina de previsão que está sempre ativa

Redação do Diário da Saúde
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"Nosso cérebro está constantemente adivinhando as palavras - a maquinaria preditiva está sempre ligada."
[Imagem: Micha Heilbron/DALL-E/OpenAi]

Previsão cerebral

Nosso cérebro funciona um pouco como a função de autocompletar dos navegadores de internet e dos aplicativos de celular - ele está constantemente tentando adivinhar a próxima palavra quando estamos lendo ou conversando.

Mas, indo além dos programas de reconhecimento de fala e preenchimento automático, nossos cérebros estão constantemente fazendo previsões em diferentes níveis, desde o significado e a gramática até sons de fala específicos.

Isto é o que acabam de descobrir pesquisadores do Instituto Max Planck e da Universidade Radboud (Alemanha).

E esse modo de funcionamento dá suporte a uma teoria recente sobre como nosso cérebro funciona: É uma "máquina" de previsão, que compara continuamente informações sensoriais que captamos (como imagens, sons e linguagem) com previsões internas.

"Esta ideia teórica é extremamente popular na neurociência, mas as evidências existentes para ela são muitas vezes indiretas e restritas a situações artificiais," disse o pesquisador Micha Heilbron. "Eu realmente gostaria de entender exatamente como isso funciona e testar [a ideia] em diferentes situações."

As pesquisas sobre esse fenômeno geralmente são feitas em um ambiente artificial. "Estudos desse tipo de fato revelam que nosso cérebro pode fazer previsões, mas não que isso sempre aconteça na complexidade da vida cotidiana também. Nós estamos tentando tirar isso do ambiente de laboratório. Estamos estudando o mesmo tipo de fenômeno, como o cérebro lida com informações inesperadas, mas em situações naturais, que são muito menos previsíveis," disse Heilbron.

Nosso cérebro é uma máquina de previsão que está sempre ativa
Respostas cerebrais a diferentes níveis de imprevistos linguísticos, registrados durante a audição de audiolivros.
[Imagem: Micha Heilbron]

Função autocompletar do cérebro

Os pesquisadores analisaram a atividade cerebral de pessoas ouvindo histórias de Ernest Hemingway ou Conan Doyle, criador do personagem Sherlock Holmes. Ao mesmo tempo, eles analisaram os textos dos livros usando modelos de computador, as chamadas redes neurais profundas. Dessa forma, foi possível calcular a previsibilidade de cada palavra nas histórias.

Para cada palavra ou som, o cérebro gerou expectativas estatísticas detalhadas e se mostrou extremamente sensível ao grau de imprevisibilidade: A resposta cerebral é mais forte sempre que uma palavra é inesperada no contexto.

"Por si só, isso não é muito surpreendente: No final das contas, todo mundo sabe que às vezes você pode prever a próxima palavra. Por exemplo, seu cérebro às vezes preenche automaticamente os 'espaços em branco' e mentalmente conclui as sentenças de outra pessoa, por exemplo, quando elas falam muito lentamente, gaguejam ou são incapazes de pensar em uma palavra.

"Mas o que mostramos aqui é que isso acontece continuamente. Nosso cérebro está constantemente adivinhando as palavras - a maquinaria preditiva está sempre ligada," disse Heilbron.

Checagem com artigo científico:

Artigo: A hierarchy of linguistic predictions during natural language comprehension
Autores: Micha Heilbron, Kristijan Armeni, Jan-Mathijs Schoffelen, Peter Hagoort, Floris P. de Lange
Publicação: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 119 (32) e2201968119
DOI: 10.1073/pnas.2201968119
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