Defeitos das pesquisas
Há muito se sabe que as pesquisas e entrevistas são técnicas imperfeitas para medir o humor e as emoções das pessoas.
Contudo, essas pesquisas de opinião continuam fornecendo informações sobre as preferências, medos e prioridades das pessoas, informações estas que os tomadores de decisão, políticos, executivos e profissionais de saúde usam em várias de suas decisões.
Igualmente problemática é a precisão dessas pesquisas para capturar nossos sentimentos ao longo do tempo, usando pesquisas repetidas, que é um método comumente usado na área de saúde para avaliar mudanças nos sintomas, atitudes e bem-estar, sobretudo nas doenças mentais e condições psicológicas.
Por exemplo, alguns estudos revelaram resultados desconcertantes ao mostrar que os autorrelatos de ansiedade, depressão e sintomas físicos feitos por pacientes diminuem ao longo do tempo, independentemente das circunstâncias das pessoas que estão sendo analisadas - em outras palavras, melhore ou não, a pessoa relatará menos sintomas nas entrevistas ou consultas subsequentes.
Viés negativo
Para estudar essa incômoda variação nas declarações, uma equipe da Universidade de Nova Iorque (EUA) realizou quatro experimentos nos quais os indivíduos eram questionados várias vezes sobre sua ansiedade, sintomas físicos e nível de energia.
Em todos os experimentos, os voluntários relataram mais ansiedade e mais sintomas negativos na primeira vez que completaram a pesquisa em comparação com seus próprios relatos posteriores. Esta elevação inicial foi limitada ao primeiro dia da pesquisa, e foi inconsistente com o curso da ansiedade e os sintomas normalmente associados a um evento difícil.
Ou seja, os resultados mostram que, na verdade, não há um declínio nos relatos - o que acontece é que as pessoas tendem a exagerar seus sentimentos e sintomas negativos na primeira entrevista.
A conclusão geral é que o problema é ainda maior do que se pensava no caso de pesquisas e entrevistas que são feitas uma única vez.
Viés de exagero
Esse viés de exagero diminui ao longo do tempo, mas os resultados indicam que medições de saúde e bem-estar, que são vitais para fazer avaliações médicas e para orientar pesquisas relacionadas à saúde, podem estar sendo mal interpretadas ou produzindo resultados incorretos.
"Como muitas pesquisas políticas e de saúde só fazem perguntas uma vez, o viés associado com a sobreavaliação inicial pode ser confundido com níveis de negatividade genuína", observou o professor Patrick Shrout, coordenador do estudo. "Compreender a magnitude deste viés é essencial para interpretar com precisão os resultados das pesquisas que incluem relatos subjetivos de sentimentos e sintomas."
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