Teorias da conspiração
Uma revisão dos estudos científicos publicados até agora sobre métodos para reduzir as crenças em teorias da conspiração mostrou que a maioria desses métodos é ineficaz.
A única abordagem que se mostrou um pouco promissora foi aquela focada em promover o pensamento crítico ou uma mentalidade analítica, mas mesmo aí os resultados foram decepcionantes.
Sempre existiram teorias da conspiração, mas os cientistas acreditavam que eram casos "pitorescos", restritos a um número muito pequenos de indivíduos com problemas de relacionamento e convivência social.
Mas isto mudou com a pandemia de covid-19, quando a crença em teorias desse tipo reduziu significativamente a adesão às vacinas contra o SARS-CoV-2, mostrando que acreditar em teorias da conspiração pode afetar diretamente a saúde das pessoas e levar a comportamentos antissociais.
Em vista disso, foram feitos inúmeros estudos para testar as abordagens mais recomendadas por cientistas, sociólogos e psicólogos como capazes de se contrapor a essas crenças, algumas muito bizarras.
O que Cian O'Mahony e seus colegas da Universidade College Cork (Irlanda) fizeram agora foi reunir todos esses estudos e avaliar e comparar os efeitos das diversas técnicas propostas.
Os resultados foram desanimadores.
Técnicas contra teorias da conspiração
A análise mostrou que, de todos os métodos testados nos 25 estudos, metade gerou alguma mudança nas crenças de conspiração dos participantes, mas nenhum gerou mudanças de tamanho significativo, que leve à recomendação de seu uso "terapêutico".
Isso indica que a larga maioria dos métodos existentes ou já propostos para mudar as crenças nas teorias da conspiração são ineficazes.
Uma conclusão interessante é que as intervenções que produziram algum resultado foram aquelas que consistem em uma apresentação aos participantes antes de eles serem expostos às declarações da teoria conspiratória - ou seja, a técnica só funciona antes que a pessoa tenha conhecimento da teoria conspiratória. A pré-exposição tipicamente envolve chamar a atenção para as imprecisões factuais das teorias da conspiração que serão apresentadas a seguir. Todas as intervenções pós-exposição mostraram-se-se menos eficazes.
Um método relativamente eficaz foi um curso educacional de três meses sobre a diferenciação entre práticas científicas e pseudocientíficas. Os contra-argumentos tradicionais contra as teorias da conspiração foram os métodos menos eficazes.
"Uma das descobertas mais importantes da nossa análise é que a verificação tradicional de fatos e contra-argumentos são os meios menos eficazes de combater as crenças da conspiração. Descobrimos que medidas preventivas, como expor os participantes a contra-argumentos antes que eles encontrassem a desinformação, foram as estratégias mais eficazes para desafiar as crenças da conspiração. Também descobrimos que a maioria das intervenções seria difícil de implementar em ambientes do mundo real, e é por isso que estamos desenvolvendo uma intervenção mais viável financiada pela Parceria Empresarial do Conselho de Pesquisa Irlandês com o Google, na forma de um videogame," concluiu a equipe.
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