Nanotecnologia contra o câncer
Pesquisadoras da Universidade Federal do ABC (UFABC) desenvolveram uma nanotecnologia para tratar tumores de forma direcionada, sem afetar tecidos saudáveis e, portanto, com menor risco de efeitos colaterais.
Para obter esse efeito, foram utilizadas nanopartículas superparamagnéticas, uma propriedade física que permite direcionar as nanopartículas para atacar apenas as células doentes.
A magnetita foi selecionada por ser superparamagnética. A esse material foram adicionadas nanopartículas de prata obtidas por meio de um processo que envolve extrato de chá verde, que é rico em moléculas antioxidantes, como os polifenóis e a cafeína. "Essas moléculas atuam como potentes agentes redutores, ou seja, reduzem os íons de prata formando nanopartículas de prata e também ajudam a estabilizá-las," explicou a pesquisadora Joana Pieretti.
As nanopartículas de prata são usadas há bastante tempo para combater infecções bacterianas e também são conhecidas por sua ação antitumoral. Os dois efeitos terapêuticos podem ser potencializados pelas moléculas de chá verde que ficam na superfície da partícula.
"Mas ainda não era suficiente, então agregamos um polímero biodegradável natural extraído de crustáceos, conhecido como quitosana, mas modificado. Cabe à quitosana revestir o material e liberar o óxido nítrico, que também auxilia na ação antibacteriana e antitumoral," contou Joana.
O composto magnético pode ser guiado até o local do tratamento por um campo magnético aplicado externamente ao corpo do paciente. Devido ao superparamagnetismo, quando o campo magnético é aplicado, as nanopartículas se organizam e, quando o campo é retirado, elas se desorientam e voltam imediatamente ao estado inicial, sem magnetização.
Hipertermia
A plataforma nanotecnológica tem potencial para ser aplicada também no tratamento do câncer por hipertermia, uma técnica que visa promover o aumento de temperatura no tecido tumoral por meio do direcionamento de nanopartículas superparamagnéticas e da aplicação de um campo magnético, a fim de desnaturar as proteínas, causando danos nas células tumorais.
É como provocar um estado febril apenas no órgão atacado pelo câncer. Além disso, esse material seria capaz de liberar o óxido nítrico, conhecido agente antitumoral.
Por enquanto, os testes foram realizados apenas em culturas de células. O próximo passo será passar para os testes in vivo em cobaias.
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