Música dos hemisférios cerebrais
Desde que os cientistas descobriram que nosso cérebro toca sua própria música, mais e mais estudos têm encontrado conexões entre essa musicalidade natural e condições neurológicas.
O fato é que, ao ver os sinais do cérebro, não mais como chaves que apenas estalavam em um constante liga e desliga, os cientistas passaram a contar com um quadro mais amplo e mais integrado da atividade neuronal.
Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego, identificaram importantes relações harmônicas na atividade elétrica dos circuitos cerebrais.
Elas descobriram o que estão chamado de "música dos hemisférios", em uma alusão à lendária "música das esferas" que alguns astrônomos afirmavam ouvir ao estudar o Universo.
A descoberta foi feita fazendo uma análise cuidadosa dos sinais elétricos da atividade cerebral, medidos usando a tradicional eletroencefalografia (EEG).
Harmonia musical emerge do cérebro
A premissa básica do estudo parece ser simples - e é, agora que se admite procurar, se não "música", ao menos harmonia, na multiplicidade de sinais emitidos constantemente pelo cérebro.
Esta premissa é a de que a função cerebral é expressa por circuitos que disparam, e, portanto, geram sinais oscilantes na eletroencefalografia em frequências diferentes.
Atividades de alta frequência do eletroencefalograma, chamadas gama, por exemplo, podem refletir a atividade de neurônios que disparam rapidamente, que frequentemente são uma subclasse de células nervosas que contêm inibidores parvalbumina.
Representadas musicalmente, elas seriam notas agudas, isto é, estariam em direção ao lado direito do piano.
A atividade de menor frequência EEG, chamado teta, vem de células que disparam com menor frequência. Seriam as notas graves, do lado esquerdo do teclado.
Conforme os circuitos cerebrais interagem uns com os outros, é possível detectar diferentes "combinações musicais", como os acordes da música, emergindo dos sinais do eletroencefalograma, afirmam os cientistas.
Quando o cérebro desafina
Sob essa premissa, anormalidades na estrutura e na função dos circuitos cerebrais seriam refletidos na forma de uma música que desafina - cacofônica, como os cientistas a chamam - acordes musicais onde as "notas" estão disparando na frequência (grave ou agudo), no volume (amplitude), ou no momento (ritmo) errados.
Segundo eles, é cada vez mais evidente que a esquizofrenia é uma desordem caracterizada por distúrbios na "música dos hemisférios cerebrais".
A esquizofrenia é um conjunto de transtornos mentais graves que se caracterizam por um distanciamento emocional da realidade, pensamento desordenado, crenças falsas (delírios) e ilusões (alucinações) visuais ou auditivas.
Este novo estudo descreve as relações entre oscilações de baixa e alta frequência no cérebro humano, geradas quando a pessoa está sujeita a estímulos auditivos de alta frequência.
Os autores observaram oscilações relativamente lentas e uma menor sincronia transversal de fase (por exemplo, o pico de teta coincidindo com pico de gama) em doentes com esquizofrenia.
O fenômeno não ocorre em pessoas não-esquizofrênicas.
"As novas descobertas destacam a importância de se compreender as relações entre os diferentes circuitos [do cérebro]. Parece que as anormalidades corticais na esquizofrenia perturbam o funcionamento do cérebro, em parte ao perturbar a 'sintonia' de circuitos cerebrais uns em relação aos outros," comentou o Dr. John Krystal, editor da revista médica Biological Psychiatry, que publicou o estudo.
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