Sinfonia das sinapses
Há pouco mais de um ano, neurocientistas descobriram que nosso cérebro toca música, alterando completamente a visão que se tinha da atividade neural.
É verdade que ouvir música faz o cérebro inteiro se iluminar, e a transformação das ondas cerebrais em música deu resultados muito práticos, permitindo descobrir, por exemplo, que o cérebro controla nossos movimentos usando ritmos musicais.
Assim, ouvir a melodia da sua mente, o ritmo do seu cérebro, a sinfonia das suas sinapses, as notas dos seus neurônios, deixou de ser licença poética - na verdade, criou-se uma área inteiramente nova de pesquisas, conhecida como sonificação, aplicada às neurociências.
Agora, pesquisadores italianos descobriram que os ritmos musicais do cérebro preveem com precisão a iminência de ataques epilépticos.
Sonificação de dados
Os sinais cerebrais são lidos através de exames de eletroencefalografia (EEG), colocando-se eletrodos no couro cabeludo de modo a medir as flutuações de tensão resultantes da corrente iônica que flui dentro dos neurônios do cérebro.
O resultado sai na forma de linhas em um gráfico, semelhantes às que se vê em um sismógrafo, que mede a intensidade de terremotos.
Por outro lado, usando uma ferramenta de sonificação de dados, as linhas e pontos dos gráficos são transformados em notas e tons musicais.
Isto permitiu que os Massimo Rizzi e seus colegas do Instituto Mario Negri previssem as crises epilépticas iminentes simplesmente detectando "desafinamentos" na música cerebral.
Usando supercomputadores para analisar a grande quantidade de dados geradas pelos exames, o grupo pretende agora isolar sons específicos, que eles chamam de marcadores, que indiquem a iminência dos ataques.
Segundo eles, é muito difícil encontrar os sinais característicos nos próprios gráficos, enquanto qualquer pessoa pode detectar uma nota errada ou uma variação na música sem qualquer treinamento.
Computação distribuída
O grande desafio para os estudos de sonificação é que a análise dos dados é intensiva em processamento, exigindo o uso de supercomputadores.
Graças ao aspecto promissor dessa área emergente no campo das neurociências, pesquisadores europeus lançaram uma plataforma de transmissão de dados de alta velocidade e computação distribuída que está permitindo que os médicos trabalhem os dados de suas próprias instituições.
Foi esta infraestrutura que permitiu a descoberta anunciada pelos pesquisadores italianos.
"Usando este portal, os pesquisadores trabalhando em hospitais poderão se beneficiar das técnicas de sonificação que implementamos sem ter que instalar qualquer software, e escondendo totalmente a complexidade de usar uma infraestrutura de computação distribuída," disse Domenico Vicinanza, um dos idealizadores do projeto.
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