Músculo cardíaco artificial
O conceito de um novo dispositivo de assistência cardíaca chamou a atenção da comunidade médica no ano passado por ser totalmente desprovido de componentes metálicos rígidos.
Trata-se de um "músculo artificial" macio, projetado para envolver a aorta e então contrair e dilatar o vaso, melhorando a função natural da aorta e ajudando o coração a bombear sangue para o resto do corpo.
Agora, a equipe da Escola Politécnica Federal de Lausanne e da Universidade de Berna (Suíça) implantaram com sucesso seu primeiro músculo artificial tubular in vivo, em um porco.
Durante a operação de 4 horas de duração, o aparelho de assistência cardíaca controlou 24.000 pulsações, das quais 1.500 foram ativadas artificialmente pela aorta.
A equipe já conseguiu o financiamento necessário para as próximas fases do projeto, que incluem o desenvolvimento de músculos artificiais para tratar outras doenças humanas, como esfíncteres artificiais que poderão resolver a incontinência urinária, por exemplo, ou para restaurar o controle da expressão facial.
Aorta artificial
A tecnologia cardíaca assistiva atual requer conectar o coração diretamente a uma bomba, o que significa uma cirurgia cardíaca invasiva. Além disso, as bombas tradicionais usam sistemas mecânicos rígidos envolvendo uma hélice para fazer o sangue fluir, mas que também destrói os glóbulos vermelhos, o que torna esses aparelhos uma solução insustentável a longo prazo.
O novo dispositivo cardíaco não interfere diretamente no coração, mas na aorta. O conceito envolve a colocação de um atuador de elastômero dielétrico - um polímero que transforma energia elétrica em trabalho mecânico - ao redor da aorta, próximo à válvula aórtica.
Quando recebe uma voltagem elétrica, o atuador contrai e dilata artificialmente a aorta, funcionando como um músculo tubular que imita a função natural da aorta.
"Nossa aorta artificial imita o modo como os vasos sanguíneos se contraem e relaxam para mover o sangue através do sistema circulatório. A diferença é que a ação natural da aorta é passiva devido à pressão arterial, enquanto nosso dispositivo é controlado por uma voltagem externa," explicou Yoan Civet, membro da equipe. "Com a ajuda da nossa aorta artificial, o coração usa menos energia para circular o mesmo volume de sangue."
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