Mulheres com mais de 70 anos de idade com certos tipos de câncer de mama em estágio inicial continuam recebendo terapias de radiação, apesar de evidências científicas largamente anunciadas de que os benefícios do tratamento são questionáveis.
Uma nova análise feita por médicos da Universidade de Duke (EUA) revela que, embora ensaios clínicos deem embasamento à retirada do tratamento de radiação nessas pacientes com estágio inicial do câncer de mama, quase dois terços dessas mulheres continuam recebendo a radioterapia - sem usufruir de benefícios, mas sujeitas aos efeitos colaterais.
Os resultados foram publicados na revista Cancer, uma publicação científica editada pela Sociedade Norte-americana de Câncer.
Comprovação científica versus prática médica
Resultados publicados em 2004 a partir de um ensaio clínico randomizado em grande escala mostraram que a adição da terapia de radiação ao tratamento básico - cirurgia mais o medicamento tamoxifeno - não reduz as taxas de recorrência do câncer até cinco anos depois e nem prolongam a sobrevivência das mulheres idosas com tumores em estágio inicial.
Apesar dos resultados, muitos médicos ainda não seguem as novas recomendações.
A equipe identificou 40.583 mulheres com mais de 70 anos de idade que foram tratadas com lumpectomia de 2000 a 2009. De 2000 a 2004, antes de os resultados do estudo serem publicados, 68,6% das pacientes receberam alguma forma de terapia de radiação. De 2005 a 2009, após o estudo, 61,7% das pacientes continuaram recebendo tal tratamento, embora tenha havido uma mudança no tipo de terapia de radiação utilizada: menos pacientes receberam radiação padrão de mama inteira, e mais receberam um tratamento com radiação focalizada de curta duração.
Os resultados indicam que a publicação dos resultados do estudo teve apenas um impacto muito pequeno sobre a prática médica.
"Nossos resultados destacam o fato de que pode ser um desafio para os profissionais médicos incorporarem dados de ensaios clínicos que envolvem omitir uma terapia que antes era considerada padrão," disse a Dra. Rachel Blitzblau, coordenadora do estudo.
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