Análise de componentes principais
O método analítico mais comum dentro da genética de populações é profundamente falho, afirmam cientistas da Universidade de Lund, na Suécia.
E essa falha pode ter levado a resultados incorretos e equívocos sobre etnia e relações genéticas de parentesco, incluindo testes de ancestralidade vendidos por clínicas. E, como o método tem sido usado em centenas de milhares de estudos científicos, os resultados desses estudos agora precisarão ser repensados.
Para tornar mais gerenciável a enorme quantidade de dados científicos que estão sendo coletados - um fenômeno batizado de "revolução do Big Data" -, os cientistas usam métodos estatísticos para compactar e simplificar os dados, capturando apenas as informações relevantes.
O método mais utilizado para isso é o ACP (análise de componentes principais). Para fugir dos detalhes técnicos, pense no ACP como um forno, e as entradas de dados sendo farinha, açúcar e ovos; o forno pode sempre fazer a mesma coisa - esquentar -, mas o resultado vai depender criticamente das proporções dos ingredientes e de como eles são combinados.
"Há uma expectativa de que este método dê resultados corretos porque é usado com muita frequência. Mas ele não é nem uma garantia de confiabilidade e nem produz conclusões estatisticamente robustas," disse o Dr. Eran Elhaik.
Resultados sem sentido
Segundo o Dr. Elhaik, foi o método ACP que ajudou a criar antigas percepções sobre raça e etnia. Ele desempenhou um papel na "fabricação" de histórias de quem são e de onde as pessoas vêm, não apenas pela comunidade científica, mas também por empresas comerciais.
Um exemplo mais recente foi o de Elizabeth Warren, candidata a presidente dos EUA, que fez um teste de ascendência para justificar suas alegações de ancestralidade indígena. Outro exemplo é a concepção errônea dos judeus asquenazes como uma raça ou um grupo isolado, algo também baseado nos resultados da ACP.
"Este estudo demonstra que esses resultados não eram confiáveis," resume o professor Elhaik.
O ACP é usado para criar um mapa genético que posiciona a amostra que está sendo analisada ao lado de amostras de referência conhecidas. Até agora, as amostras desconhecidas foram assumidas como sendo relacionadas a qualquer população de referência a que elas se sobreponham ou estejam mais próximas no mapa.
No entanto, Elhaik descobriu que a amostra analisada pode cair próxima de praticamente qualquer população de referência apenas alterando os números e tipos das amostras de referência.
Isso gera versões históricas praticamente infinitas, todas "matematicamente corretas", embora apenas uma possa ser biologicamente correta - a questão é que a análise ACP não consegue mostrar qual é biologicamente correta.
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