Guiando a imunidade
Os glóbulos vermelhos do nosso sangue fazem mais do que transportar oxigênio dos pulmões para os órgãos: Eles também ajudam o corpo a combater infecções, capturando patógenos em suas superfícies, neutralizando-os e apresentando-os às células imunológicas do baço e do fígado.
Agora, uma equipe da Universidade de Harvard aproveitou essa capacidade inata para criar uma plataforma tecnológica que usa glóbulos vermelhos para fornecer antígenos às células apresentadoras de antígenos (APCs) no baço, gerando uma resposta imune.
Os primeiros testes em cobaias mostraram uma redução na taxa de crescimento de tumores cancerígenos e também a viabilidade de ser usar a plataforma como adjuvante biocompatível para uma variedade de vacinas.
A equipe batizou a tecnologia de Direcionamento Imune Dirigido por Eritrócitos (EDIT, na sigla em inglês).
"O baço é um dos melhores órgãos do corpo a ser alvejado para se produzir uma resposta imune porque é um dos poucos órgãos em que os glóbulos vermelhos e brancos interagem naturalmente," explicou o Dr. Samir Mitragotri. "A capacidade inata dos glóbulos vermelhos de transferir patógenos grudados neles para as células do sistema imunológico foi descoberta apenas recentemente, e este estudo abre as portas para uma emocionante variedade de desenvolvimentos futuros no campo do uso de células humanas no tratamento e prevenção de doenças".
Aumentar a duração e a qualidade da vida humana
A plataforma começa com o revestimento de nanopartículas de poliestireno com ovalbumina, uma proteína antigênica conhecida por causar uma resposta imunológica leve. As nanopartículas revestidas foram então incubadas com glóbulos vermelhos de camundongos.
A proporção de 300 nanopartículas por célula sanguínea resultou no maior número de nanopartículas ligadas às células, com uma retenção de cerca de 80% das nanopartículas quando as células foram expostas ao estresse de cisalhamento encontrado nos capilares pulmonares. Houve ainda a expressão moderada de uma molécula lipídica chamada fosfatidil serina (PS) nas membranas das células.
A equipe continua trabalhando para entender exatamente como uma resposta imune específica ao antígeno apresentada pelo EDIT é gerada pelas APCs do baço e planeja testar outros antígenos além da ovalbumina. Eles esperam usar essas informações adicionais para encontrar o cenário clínico ideal para a tecnologia.
"O corpo humano é um tesouro de soluções elegantes para problemas de saúde e, embora a medicina tenha percorrido um longo caminho para entender esses mecanismos, ainda estamos nos estágios iniciais de poder aproveitá-los para melhorar a duração e a qualidade da vida humana. Esta pesquisa é um passo emocionante em direção a esse objetivo e pode mudar drasticamente a maneira como as respostas imunes são moduladas nos pacientes," disse o professor Donald Ingber.
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