01/04/2024

Melhor maneira de memorizar coisas? Depende que coisas.

Redação do Diário da Saúde

Estudar com espaçamento

Em experimentos que lançam uma nova luz sobre como aprendemos e como nos lembramos das nossas experiências do mundo real, psicólogos acreditam agora que variar o que estudamos e espaçar nosso aprendizado ao longo do tempo pode ser útil para a memória.

Mas o modo de estudar precisa variar de acordo com o tipo de coisa que você está tentando aprender.

"Muitas pesquisas anteriores mostraram que o aprendizado e a memória se beneficiam do espaçamento das sessões de estudo. Por exemplo, se você estudar na noite anterior à prova, poderá se lembrar das informações no dia seguinte ao exame, mas provavelmente as esquecerá em breve. Em contraste, se você estudar o material em dias diferentes antes do exame, será mais provável que você se lembre dele por um longo período de tempo," explica o professor Benjamin Rottman, da Universidade de Pittsburgh (EUA).

Contudo, embora o "efeito do espaçamento" seja uma das descobertas mais replicadas na investigação psicológica, grande parte deste trabalho tem-se baseado na ideia de que aquilo que se está tentando aprender - o conteúdo da própria experiência - se repete de forma idêntica todas as vezes.

No entanto, isso raramente acontece na vida real, quando algumas características das nossas experiências podem permanecer as mesmas, mas outras provavelmente mudarão. Por exemplo, imagine ir várias vezes à cafeteria; embora muitas características possam permanecer as mesmas em cada visita, um novo barista pode estar atendendo você. Então, como funciona o efeito de espaçamento à luz dessa variação entre as experiências?

Coisas repetidas ou coisas mais complicadas

Em dois experimentos, os pesquisadores pediram aos participantes que estudassem repetidamente pares de itens e cenas que eram idênticas em cada repetição ou nas quais o item permanecia o mesmo, mas a cena mudava a cada vez. Mais importante ainda, os dois experimentos variavam na questão temporal, testando a memória e o aprendizado em períodos que iam de minutos e horas até vários dias.

Como em experimentos anteriores, os pesquisadores constataram que o aprendizado espaçado beneficia a memorização dos itens. Mas eles também descobriram que a memória era melhor para os itens que foram combinados com cenas diferentes, em comparação com aqueles mostrados sempre com a mesma cena. Por exemplo, se você quiser lembrar o nome de uma nova pessoa, repetir o nome associando-o a informações diferentes sobre a pessoa pode ser útil.

"Em contraste," acrescentou Rottman, "descobrimos que a memória associativa - a memória do item e da cena com a qual ele foi emparelhado - se beneficiou da estabilidade. O espaçamento só beneficiou a memória para os pares que foram repetidos exatamente, e somente se houvesse intervalos bem longos - de horas a dias - entre as oportunidades de estudo. Por exemplo, se você estiver tentando lembrar o nome da nova pessoa e algo sobre ela, como sua comida favorita, é mais útil repetir exatamente o mesmo nome e combinação de comida várias vezes, com espaçamento entre cada repetição."

Checagem com artigo científico:

Artigo: The effects of mnemonic variability and spacing on memory over multiple timescales
Autores: Emily T. Cowan, Yiwen Zhang, Benjamin M. Rottman, Vishnu P. Murty
Publicação: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 121 (12) e2311077121
DOI: 10.1073/pnas.2311077121
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