02/08/2011

Como a malária se introduz no cérebro

Redação do Diário da Saúde
Como a malária se introduz no cérebro
Imagens in vivo revelaram o acúmulo de glóbulos vermelhos infectados no cérebro dos animais, durante o processo de infecção.
[Imagem: Claser et al.]

Malária no cérebro

Cientistas identificaram o mecanismo pelo qual o parasita da malária se acumula no cérebro e em outros tecidos profundos, abrindo caminho para o enfrentamento da condição.

A malária é uma grande ameaça à saúde global, infectando mais de 200 milhões de pessoas e matando cerca de 800 mil a cada ano.

A doença é causada pelo protozoário Plasmodium falciparum, que é transportado e transmitido por mosquitos.

Malária cerebral

A chamada malária cerebral - a acumulação de glóbulos vermelhos infectados no cérebro - é uma das complicações mais graves da malária.

A condição provoca coma e muitas vezes vem associada com convulsões - mas os mecanismos subjacentes não eram claros.

Agora, Laurent Renia e seus colegas da Rede de Imunologia de Cingapura descobriram como glóbulos vermelhos infectados com o parasita da malária se acumulam no cérebro.

A equipe infectou várias linhagens diferentes de camundongos com parasitas P. berghei que tinham sido geneticamente modificados para expressar o gene fluorescente da luciferase.

Eles então usaram imagens in vivo para visualizar, em tempo real, a distribuição dos glóbulos vermelhos infectados.

O grupo descobriu que os animais normais morreram da malária cerebral experimental induzida de 6 a 12 dias após terem sido infectados.

Camundongos mutantes sem as células B e T do sistema imunológico, devido à mutação genética, no entanto, não desenvolveram a malária cerebral, sugerindo que essas células são mediadoras da acumulação do parasita no cérebro.

Célula T

Experiências posteriores revelaram que o acúmulo do parasita no cérebro é mediado por um tipo particular de célula T, chamada CD8+.

Camundongos mutantes sem este tipo de célula tinham um número de glóbulos vermelhos infectados no cérebro e no baço significativamente reduzido, como mostrado por imagem fluorescente.

A imagem também revelou que os ratos mutantes sem as células T CD8+ acumularam poucos parasitas no cérebro durante a primeira semana de infecção, o período durante o qual normalmente se desenvolve a malária cerebral, mas não em momentos posteriores.

Interferon-gama

Os pesquisadores então examinaram o papel do interferon-gama, uma citocina pró-inflamatória conhecida por desempenhar um papel importante em modelos experimentais de malária cerebral, induzindo a migração de células T CD8+ para o cérebro.

Quando eles infectaram os camundongos mutantes sem o gene interferon-gama com o P. berghei, os animais apresentaram quantidades do parasita no sangue similares aos animais normais, mas tinham menos glóbulos vermelhos infectados no cérebro e eram completamente resistentes à malária cerebral.

"Nossos resultados vão ajudar a conceber estudos para ver se esses mecanismos ocorrem em humanos," diz Renia. "Estamos agora no processo de identificar como os parasitas são sequestradas nos tecidos profundos."

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