14/12/2022

Maioria silencia, enquanto radicais dominam discussões nas redes sociais

Redação do Diário da Saúde
Maioria silencia, enquanto radicais dominam discussões nas redes sociais
A maioria quer paz e ponderação, mas não se manifesta ante as mensagens de ódio e grosseria.
[Imagem: Robert Jones/Pixabay]

Maioria silenciosa

Entre em seu site de mídia social favorito e provavelmente verá uma série de postagens e opiniões sobre tópicos controversos, como justiça social, imigração e eleições.

E, embora possa parecer natural supor que as opiniões on-line predominantes representem as opiniões da maioria, um novo estudo veio reforçar o fato de que as conversas nas mídias sociais estão sendo conduzidas pelos extremistas, ou radicais, e não pela grande maioria ponderada, que navega pelo caminho do meio.

O estudo mostra que a maioria das pessoas - progressistas e conservadores moderados - autocensuram seus comentários nas mídias sociais para não criar discórdia, não perder amigos online ou não ser percebido de uma ou de outra maneira.

Aqueles que se posicionam nas margens, no entanto, não temem reação ou retaliação por oferecerem opiniões radicais e isoladas e estão expressando pontos de vista que passam longe de qualquer checagem factual, alimentando a polarização que tem caracterizado as mídias sociais.

"As pessoas da extrema esquerda e da extrema direita são as que se manifestam nas mídias sociais," disse o professor Devin Knighton, da Universidade Brigham Young (EUA). "Elas relatam níveis mais baixos de autocensura do que aquelas que são moderadas."

Falar sobre soluções

Os pesquisadores perguntaram aos participantes sobre o uso das mídias sociais, o quanto estavam preocupados em perder amigos devido a diferenças políticas e qual a probabilidade de autocensurar seus comentários postados nessas mídias.

Os resultados indicam que as pessoas que se autoidentificam como conservadoras ou progressistas extremadas - sem qualquer abertura à mudança de opinião - possuem os níveis mais baixos de autocensura e sempre se dispõem a se manifestar sobre as questões que despertam seu interesse. Por outro lado, a maioria no meio - incluindo conservadores, independentes e liberais, todos moderados - estão se autocensurando nas redes sociais.

Segundos os pesquisadores, isto cria um "efeito de silenciamento da maioria".

E a razão pela qual a maioria silenciosa opta por não expressar sua opinião sobre questões vai além do medo de perder amigos - eles estão preocupados que, ao compartilhar sua opinião, possam ser "etiquetados" de uma ou de outra maneira.

"Talvez uma maneira de diminuir o volume das conversas políticas nas mídias sociais seja gastar menos tempo defendendo nossas identidades e mais tempo falando sobre possíveis soluções para questões sociais específicas. Se sairmos do modo de tentar provar que estamos certos, e entrarmos no modo de falar sobre soluções para problemas específicos, pode haver uma chance de que a mídia social seja um lugar menos intimidador para falar sobre política," disse o professor Wilson.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Self-Censoring Majority: How Political Identity and Ideology Impacts Willingness to Self-Censor and Fear of Isolation in the United States
Autores: Alycia Burnett, Devin Knighton, Christopher Wilson
Publicação: Social Media + Society
DOI: 10.1177/20563051221123031
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