09/05/2011

A dificuldade de ser machão: Masculinidade é questão social, não biológica

Redação do Diário da Saúde

Dificuldades de ser machão

Você acha que é fácil ser machão?

Pois não é, e um grupo de psicólogos da Universidade do Sul da Flórida (EUA) está demonstrando como a masculinidade pode ser precária.

Segundo eles, a masculinidade é um status "precário" difícil de conquistar e fácil de perder.

E, quando se sentem ameaçados em sua masculinidade, os homens veem a agressão como a melhor maneira de defendê-la.

Jennifer Bosson e Joseph Vandello publicaram suas conclusões sobre o assunto no último exemplar da revista científica Current Directions in Psychological Science.

Identidade sexual

A identidade sexual, normalmente incluída nas "questões de gênero", é algo determinado socialmente, defendem os pesquisadores.

"E os homens sabem disso. Eles se preocupam fortemente sobre como aparecem aos olhos de outras pessoas," diz Bosson.

E, quanto mais preocupados com o assunto, mais vão sofrer psicologicamente quando sua masculinidade se sente violada.

A violação do papel do gênero pode advir de acontecimentos importantes, como perder um emprego, ou de coisas pequenas, como mudar o corte de cabelo, dependendo do nível de preocupação de cada um.

Masculinidade e agressão

Em vários estudos, Bosson e seus colegas usaram técnicas para forçar os homens a se comportarem "de forma feminina", e gravaram o que aconteceu.

Em um estudo, alguns homens trançaram os cabelos, enquanto outros fizeram tarefas mais masculinas ou neutras.

A seguir, foram dadas opções para que eles escolhessem a próxima tarefa. Aqueles que trançaram o cabelo, em peso, preferiram a tarefa de dar socos em um saco de treinamento de boxe do que montar um quebra-cabeças.

E, quando todos foram esmurrar o saco, aqueles que trançaram os cabelos deram socos com muito mais força do que os outros.

Quando os que trançaram o cabelo não tiveram a oportunidade de dar socos, todos mostraram um maior nível de ansiedade em um teste posterior.

Restauração da masculinidade

Segundo os autores, a agressão é uma "tática de restauração da masculinidade".

Quando os homens usam esta tática da agressão, ou levam-na em consideração, eles tendem a sentir que foram obrigados por forças externas para o fazer.

Bosson e seus colegas apresentaram a homens e mulheres um relatório policial simulado, no qual um homem ou uma mulher batia em alguém do mesmo sexo, depois de a pessoa tê-la provocado, insultando sua masculinidade ou sua feminilidade.

A seguir, perguntaram: Por que a pessoa se tornou violenta?

Quando o protagonista era uma mulher, ambos os sexos atribuíram o ato a traços de caráter, tais como a imaturidade. As mulheres também afirmaram isso sobre os agressores do sexo masculino.

Mas quando o agressor era um homem, os homens creditaram em peso a reação ao fato de que ele teria sido provocado - a humilhação forçou-o a defender a sua masculinidade.

Masculinidade e feminilidade

Curiosamente, as pessoas tendem a sentir que a masculinidade é definida por realizações, e não pela biologia.

A feminilidade, por outro lado, é vista principalmente como um estado biológico.

Assim, a masculinidade pode ser "perdida" por transgressões sociais, ao passo que a feminilidade é "perdida" apenas por mudanças físicas, como a menopausa.

E quem julga a masculinidade tão rigorosamente? "As mulheres não são as principais punidoras das violações do papel de gênero", diz Bosson. "São os outros homens."

Gênero como fenômeno social

Bosson diz que o estudo dá provas psicológicas a teorias sociológicas e políticas que afirmam que o gênero é um fenômeno social, não um fenômeno biológico.

Isso pode ter grandes implicações sobre efeitos negativos que a questão de gênero exerce sobre os homens, incluindo a depressão, ansiedade, baixa auto-estima e a violência.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Gênero

Sexualidade

Violência

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.