15/05/2014

Julgamentos morais: julgamos resultados, não intenções

Redação do Diário da Saúde
Julgamentos morais: nós julgamos resultados, não intenções
"Nós não valorizamos a sorte em tese, mas em nossos julgamentos reais dos outros nós valorizamos."
[Imagem: Texas A&M]

Intenção e resultado

Quando se trata das crenças das pessoas sobre a sorte, Spock estava certo: os seres humanos são "altamente ilógicos".

Veja a seguinte situação.

Dois homens em um viaduto lançam cegamente um tijolo cada um em direção ao tráfego abaixo.

Um dos tijolos atinge o asfalto sem prejudicar ninguém, mas o outro cai sobre um carro, matando uma pessoa.

Os dois cometeram o mesmo ato imoral, mas um teve a sorte de que ninguém se feriu em razão do seu ato.

No experimento, os dois homens são presos e os voluntários tinham que julgar se os dois eram igualmente culpados, se mereciam ou não a mesma punição.

Não julgar

É fácil compor um discurso para mostrar que ambos tinham a mesma intenção e, portanto, cometeram o mesmo crime. Mas, na prática, o resultado é outro.

"Quando as pessoas foram confrontadas com este cenário, um número muito maior delas colocou a culpa sobre o homem que matou alguém. Ambos jogaram um tijolo, por isso, logicamente, ambos devem ser responsabilizados, mas o cara de sorte se safou," conta Heather Lench, da Universidade do Texas (EUA).

Ela conta que os voluntários foram questionados previamente se acreditavam, em geral, que as pessoas deviam ser punidas com base em suas ações ou se com base no fato de suas ações terem ou não prejudicado alguém.

"Em geral, as pessoas relataram que a sorte do resultado não importa, e que os infratores devem ser julgados com base na intenção. No entanto, quando confrontadas com as consequências, as emoções entram em jogo e elas julgam com base no resultado da ação, e não na intenção."

Sorte moral

"Sorte moral" é um termo usado pelos pesquisadores e filósofos quando eles analisam emoção e cognição juntas - como as emoções influenciam nosso pensamento.

A sorte moral envolve situações em que uma pessoa é submetida a julgamentos morais por outras, apesar do fato de que a avaliação se baseia em fatores fora do seu controle - ou seja, na "sorte".

"Geralmente temos dificuldade em incorporar nossas crenças abstratas sobre como pensamos que o mundo deveria funcionar, na forma como ele realmente funciona. Em resumo, nós não valorizamos a sorte em tese, mas em nossos julgamentos reais dos outros nós valorizamos," conclui a pesquisadora.

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