06/03/2009

Indústria de medicamentos controla jornais e sociedades científicas

Redação do Diário da Saúde
Indústria de medicamentos controla jornais e sociedades científicas

[Imagem: Wikipedia]

Liberdade intelectual na medicina

Um artigo publicado no jornal científico Psychotherapy and Psychosomatics, por seu editor Giovanni A. Fava, trata sem meias-palavras da questão da liberdade intelectual na pesquisa médica.

Esta liberdade pode estar ameaçada por várias questões examinadas criticamente no artigo e apoiadas por vários exemplos que dão embasamento às afirmações.

Controle das pesquisas médicas

Segundo Fava, a indústria de medicamentos tem o controle total de muitas sociedades científicas, periódicos científicos e guias de práticas clínicas.

Membros de grupos de interesse agem como editores, revisores e consultores para jornais médicos, reuniões científicas e organizações de pesquisas sem fins lucrativos, com a tarefa de evitar sistematicamente a disseminação de dados que possam estar em conflito com os interesse da indústria.

A censura, que pode ter como resultado a proibição direta de publicação e disseminação de descobertas, é feita pela própria empresa farmacêutica, mostrando seu poder como anunciante em jornais médicos, patrocinadora de reuniões e congressos e como proprietária dos dados.

"Você nunca encontrará um determinado tipo de artigo em um jornal que tem anúncios de medicamentos," diz Fava.

Formas sutis de censura

Contudo, há formas mais sutis de censura. Uma delas tem a ver com o estabelecimento de um limite financeiro para a publicação de descobertas científicas em jornais de livre acesso.

A questão não é o livre acesso a informações autosselecionadas, mas a discriminação de fontes independentes dentro da variedade de informações disponíveis, diz Fava.

Outra forma sutil de censura é contra-atacar uma informação publicada com doses maciças de propaganda, manipulando a interpretação de experimentos clínicos. A filtragem de informações (percepção seletiva), engenharia de opiniões, uso das relações públicas da indústria e a marginalização dos dissidentes são outras modalidades bem conhecidas de ação.

Autocensura danosa

Ainda, de acordo com Fava, é a autocensura facultativa que pode representar os efeitos mais danosos.

Uma forma de lidar com o problema tem a ver com dar valor aos pesquisadores que tenham optado por não ter quaisquer conflitos substanciais de interesse - sendo um empregado de uma empresa privada, sendo um consultor regular do quadro de diretores de uma empresa, tendo ações de uma empresa relacionado ao seu campo de pesquisa ou detendo uma patente diretamente relacionada ao trabalho publicado.

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