Hormônio da saciedade é chave nas complicações metabólicas do excesso de peso

Esta de sinalização celular pode ser alvo para tratamentos de disfunções metabólicas. Em verde, via mTOR ativada em macrófago (núcleo em azul).
[Imagem: Lauar de Brito Monteiro]

Hormônio da saciedade

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) descobriram que o excesso de leptina, uma substância produzida no tecido adiposo e conhecida como hormônio da saciedade, atua em um tipo de célula imunológica, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, como obesidade e diabetes.

A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de terapias que possam ajudar pessoas acometidas por essas condições.

Para se certificar do papel das células imunes na interação com a leptina, os pesquisadores fizeram tanto experimentos in vitro, usando células, como em animais (in vivo).

Nos primeiros, eles analisaram macrófagos, um tipo de célula imune, isolados de camundongos que não expressam o receptor do hormônio em nenhuma parte do corpo. As alterações metabólicas nos macrófagos ocorrem por conta de disfunções na mitocôndria, organela responsável pela produção de energia para a célula. Com a inflamação, a mitocôndria produz menos energia e mais radicais livres, que reduzem a funcionalidade do organismo.

Para as análises in vivo, os pesquisadores estudaram camundongos que não expressam o receptor da leptina apenas nas células mieloides, envolvidas no processo inflamatório causado pela obesidade.

"Isso exclui os efeitos da leptina em células do sistema nervoso central, como neurônios, uma vez que esse hormônio também atua no cérebro sinalizando quando é hora de parar de comer. Com esses experimentos, mostramos como ela atua especificamente nas células imunes do tecido adiposo, onde a leptina é produzida. Em obesos, normalmente há um excesso desse hormônio e um processo inflamatório por conta disso," conta o professor Pedro Vieira.

Em condições normais, sem inflamações, a leptina é importante no reparo dos tecidos, embora os cientistas ainda não compreendam bem como funciona esse mecanismo.