21/09/2012

Fragmento de proteína inibe o crescimento de tumores

Com informações da Agência USP

Miosina Va

Um fragmento de proteína pode ser uma importante arma contra o câncer.

É o que foi descoberto em uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

O trabalho do biomédico Antônio Carlos Borges demonstra que um pedaço da miosina Va - proteína motora responsável pelo transporte de algumas organelas -, quando expresso individualmente, inibe o crescimento de tumores.

Vagões e trens

"Tentando fazer uma analogia, a miosina seria como um trem de carga com seus vagões, deslocando-se sobre trilhos. Nestes vagões poderiam ser transportadas diversas cargas, como moléculas, vesículas e organelas, inclusive 'cargas perigosas', como os fatores pró-apoptóticos. Se esses fatores pró-apoptóticos 'caíssem dos vagões', seriam capazes de induzir a morte da própria célula", explica.

"O que fizemos em nosso trabalho foi forçar a célula tumoral a fabricar 'um vagão de cargas perigosas', isto é, um fragmento da miosina Va, desengatado do trem. Assim, as 'cargas perigosas' ficam livres dentro da célula para provocar a morte da mesma."

O resultado do estudo em animais foi satisfatório. Depois de 28 dias, enquanto quase 90% dos camundongos do grupo cujos tumores possuíam o fragmento de miosina continuavam vivos, pouco mais de 60% dos camundongos do grupo que tinha tumores normais haviam sobrevivido.

A medição do volume dos tumores também aponta resultados mais animadores. "Verificamos que os tumores expressando nosso peptídeo cresceram significativamente menos que tumores que não expressam", diz o biomédico.

Longo prazo

Antônio ressalta que o resultado é, de certa forma, surpreendente, já que os resultados in vivo com os animais superaram os efeitos observados in vitro, feitos em tubos de ensaio, apenas com as células, o que nem sempre acontece.

A aplicação prática do princípio, avaliado pelo pesquisador como uma "ferramenta promissora", no entanto, ainda está longe de ser alcançada.

Ele afirma que outros pesquisadores do seu laboratório continuam trabalhando nesse sentido, mas o uso do fragmento no tratamento do câncer só deve ser obtido a longo prazo.

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